24/10/2025
Há poucos dias, participei de um congresso e pude refletir profundamente sobre o conceito essencial que define a medicina e a ciência. Assisti a um renomado cirurgião apresentar uma técnica incrível para reconstrução óssea, mas, surpreendentemente, destacou seus casos de insucesso. Ele poderia ter focado apenas nos resultados brilhantes já conhecidos, mas optou por compartilhar seus erros — uma atitude sábia e valiosa. Com minha experiência, reconheço essa postura como um exemplo admirável de busca pela verdade, o que na medicina chamamos de excelência.
Entretanto, é importante lembrar: a excelência é um alvo móvel, assim como a ciência, que é feita de verdades temporárias. Nessa linha de pensamento, introduzimos a Parábola de Scott. Apesar de aparentemente distante da medicina, ela tem sido aplicada à ciência para ajudar a entender o porquê de algo persistir ou desaparecer. A primeira lição é que “verdades” são ditadas pelo tempo, e não por empirismos vagos. A segunda é que, sem testar ou praticar algo — um “empirismo intencional” —, não conseguimos refinar sua eficiência nem compreender sua real reprodutibilidade.
Essa parábola reflete os desafios de uma técnica, medicamento ou tratamento ao avançar para o estágio de comprovação de eficácia. Apenas o que é realmente eficaz permanece. O que se mostra falho torna-se apenas uma história a ser contada. Paralelos podem ser traçados para outras situações abordadas pela parábola, como a diferença entre pessoas que, partindo de condições iniciais semelhantes, alcançam resultados distintos. Muitas vezes, o inesperado prevalece, desafiando requisitos que aparentavam ser suficientes.
Aqui emerge o ponto central: o tempo, a eficácia, a prática de habilidades sutis e, principalmente, a humildade para corrigir a rota — ajustando ou descartando o que não funciona — são fundamentais tanto na ciência quanto na vida. Isso é ciência! Uma boa sexta reflexiva para todos