15/12/2015
Psicóloga: Kléia Dutra
CRP 08/15326
Necessidade de Humanizar Pacientes em Hospitais
Por muito tempo, o hospital foi somente um depósito onde se amontoavam os enfermos que não possuíam recursos financeiros. Sua finalidade era mais social do que terapêutica. Não se falava em Humanização Hospitalar. Nos tempos atuais, esta expressão está entrando cada vez mais novo vocabulário e na preocupação das pessoas, levando-se em conta que esses fatores interferem na recuperação dos mesmos.
Considerando o paciente como alguém que possui necessidades, desejos, medos e angústias e não somente como uma doença a ser tratada, atividades diferenciadas que o levem a um bem estar físico e psíquico podem e devem ser realizadas de modo a tornar mais fácil seu dia-a-dia no hospital. Sendo assim, a humanização aparece como uma forma de prover a interação entre a equipemédica, a família e o paciente.
Para Pessini (2004), é possivel e adequado para humanização se constitui, sobretudo na presença solidária do profissional, refletida na compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta no ser humano sentimento de confiança e solidariedade.
Para Ravagnani e Sarreta (2008, p. 347) humanizar a saúde é:
Resgatar e fortalecer o comportamento ético, articular o cuidado técnico-científico com o cuidado que incorpora a necessidade de acolher o imprevisível, o incontrolável, o diferente e singular. Mais do que isso, humanizar é adotar uma prática em que profissionais e usuários considerem o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos e sociais, assumindo postura de respeito ao outro, de acolhimento do desconhecido e de reconhecimento de limites.
O psicólogo no ambiente hospitalar tem por finalidade propor uma “tendência participativa e interdisciplinar em saúde, buscando superar as lacunas teóricas que dificultam a prática do psicólogo neste ambiente” (SAMPAIO; OSÓRIO, 2010, p. 69).
O psicólogo nos hospitais está em uma posição estratégica, pois baseia-se na intermediação entre a equipe, o paciente e a família, e, para tal, em alguns ambientes hospitalares conta com o auxílio de voluntários para o processo de resgate da humanização (CARVALHO; FAUSTINO; CARVALHO, 2006).
O psicólogo no ambiente hospitalar deve dar início às suas atividades como observante, fazendo uma análise de fatores como: história, cultura, filosofia, missão deste, fazendo com que seja possível compreender a individualidade daqueles que estão nela inseridos (WAISBERG; VERONEZ; TAVANO; PIMENTEL, 2008).
O psicólogo é visto como um agente da saúde que completa o quadro hospitalar, onde o respeito pela sua atuação não se encontra apenas no ponto de vista do conhecimento sobre o assunto, à“voz” ativa nas reivindicaçõese discussões sobre as questões pertinentes ao estado de saúde dos pacientes hospitalizados.
Assim, “o trabalho do psicólogo hospitalar é especif**amente direcionado ao restabelecimento do estado de saúde do doente ou, ao controle dos sintomas que comprometem bem-estar do paciente” (VIEIRA, 2010, p. 1). A prática de humanização, em alguns hospitais, tem sido deixada a cargo de voluntários que
Passaram a ser o maior agente de estímulos sociais e de aclimação da humanização, que embora comprometidos com esses comportamentos sociais, nem sempre estão tecnicamente preparados para essa prática ou sequer possuem o comprometimento necessário com a instituição hospitalar, ou seja, nem sempre possuem conhecimento das regras, rotinas e objetivos da instituição (CARVALHO; FAUSTINO; CARVALHO, 2006, p. 3).
Buscando a diminuição no tempo de internação dos pacientes, o trabalho de humanização passa a receber o auxílio dos resultados promovidos pela tecnologia adequada na saúde dos internados, como descrita por Diniz (2001, p. 89). O psicólogo passa a atuar
comoum agente que busca a minimização do sofrimento provocado pela hospitalização, na qual, conforme descrito por Romano (1999, p.10), será o agente capaz de buscar o entendimento sobre o que o indivíduo tem de doença em geral, bem como de sua doença em particular com objetivo de ocupar-se de toda simbologia cultural, social e individual ligada à doença daquela pessoa.
Para Mota, Martis e Véras (2006) o resgate da humanização no contexto hospitalar é focado no método de educar e treinar os profissionais de saúde, bem como, em intervir estruturalmente para que os pacientes tenham uma hospitalização confortável. O resgate da humanização nos ambientes hospitalares precisa de um profissional da psicologia que esteja disponível, tanto aos demais colaboradores, quanto aos pacientes que internados.
O profissional da psicologia tem a responsabilidade de aplicar seus conhecimentos no resgate da humanização, porém, esta tarefa tem algumas adversidades como a falta de apoio por parte da equipe hospitalar, má organização e falta de conhecimento sobre a humanização no ambiente hospitalar, dentre outros fatores.
Assim, é necessário que este profissional amplie sua forma de compreender e de entender os fatores que interligam as pessoas ao seu redor (colaboradores e pacientes), sendo, então, capaz de compreender os desejos, vontades e sentimento dos que estão à sua volta.
REFERÊNCIAS
DINIZ, Carmen Simone Grilo. Entre a técnica e os direitos humanos: possibilidades e limites da humanização da assistência ao parto. Tese de Dourado da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. USP: São Paulo, 2001.
RAVAGNANI, Carmem Lucia Crus; SARRETA, Fernanda de Oliveira. Humanizando as relações na saúde com experiências coletivas. Serviço Social & Realidade, Franca, v. 17, n. 1, p. 340-355, 2008.
ROMANO, B. W. Princípios para a prática da psicologia clínica em hospitais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
SSERS – SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTAD DO RIO GRANDE DO SUL. Manual de Humanização. 2005. Disponível em: . Acesso em: 01 maio 2015.
PESSINI, Leo; et al. Humanização em saúde: O resgate do ser com competência científ**a. O mundo na saúde, São Paulo, v. 27, n. 2, p. 203-205, abr./jun., 2003.
Pessini,L.&Bertachini,L (2004). Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo:Loyola