10/10/2022
ALERTA DE GATILHO E SPOILER!
O filme baseado no livro de mesmo nome, da autora Jessica Knoll apresenta a história se uma mulher que foi vítima de um estupro coletivo e tem sua violência silenciada de diversas formas, além disso um massacre na escola que estudava soma-se aos eventos que paralisaram a protagonista em suas lembranças.
Essas vivências que não tiveram possibilidade de ser acolhidas ou foram silenciadas geraram traumas tão fortes, que os fantasmas do passado se misturam a realidade atual.
A felicidade que não pode ser sentida, a culpa constante, o sentimento de desvalorização e a raiva dirigida para si são companheiros constantes de Ani. Infelizmente, essas situações são mais comuns que imaginamos.
Ferenczi diz que "O pior é realmente o desmentido, a afirmação de que não aconteceu nada, de que não houve sofrimento (...) é isso, sobretudo, o que torna o traumatismo patogênico" (1931/1992).
Na psicoterapia, existe a possibilidade de olhar para essa dor que antes foi desmentida, negliecenciada e que tornou aqueles eventos tão traumáticos, adoecedores.
Somado a tudo isso, familiares que acusam sem ouvir, dinheiro e poder culpabilizando a vítima, uma sociedade machista apoiando que a culpa é da mulher (que bebeu, que vestiu saia, que estava ali). Um somatório de julgamentos que tornam a dor um transtorno.
Tem jeito?
No filme, a paciente fala para se curar. Primeiro revelando tudo ao documentário, depois confrontando seu abusador, e por fim escrevendo e dando entrevistas.
Na vida real essa possibilidade de fala pode estar no tratamento terapêutico, que te dará a possibilidade de falar sem ser julgada e tendo teu sofrimento acolhido.
As lembranças sempre vão existir, mas elas não precisam controlar sua vida hoje. Na terapia aprendemos que elas podem f**ar no lugar de passado.
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