03/07/2020
Já pensou na situação de uma pessoa ter melasma e na tentativa de tratar, em vez de melhorar, surgir uma mancha mais forte e azulada?
Sim, isso acontece e o nome desta hipercromia é Ocronose exógena. A Ocronose é uma pigmentação castanho-acinzentada azulada que histologicamente apresenta na derme, fibras amarelo-acastanhadas (ocre), acarretando também degradação do colágeno. Um dos motivos do surgimento desta hiperpigmentação é o uso de cremes com hidroquinona. Engana-se quem pensa que só ocorre em quem utiliza hidroquinona em altas concentrações (> 5%). Sinto-lhe em informar mas pode ocorrer com o uso de hidroquinona em baixas concentrações também. Principalmente em uso prolongado.
No Brasil a hidroquinona é comprada de forma indiscriminada, bastando as mãos alcançarem as gôndolas da farmácia. Sem receita, sem consciência, é utilizado de forma deliberada e vem causando ao longo das décadas efeitos cada vez mais infelizes. Por sua facilidade em adquiri-lo é um dos clareadores mais utilizados no Brasil de forma banalizada. Em outros países já existem taxas de controle e proibição quanto ao uso indiscriminado. Mas aqui os interesses das indústrias farmacêuticas tentam amenizar o outro lado da hidroquinona: seus efeitos adversos frequentes.
Há anos venho relatando sobre os efeitos da hidroquinona: despigmentação tipo confete, acromia, hipercromia rebote e a ocronose exógena. Na minha prática clínica e no ICR Select explico como é possível tratar melasma sem agredir a pele. Tratamentos agressivos aumentam o estresse oxidativo, desregulam o MSH (hormônio estimulante dos melanócitos) e pioram o melasma.
Hoje temos na estética despigmentantes com baixos efeitos adversos. O Arbutin, por exemplo, é um ativo derivado da Hidroquinona, porém muito mais seguro. Apresenta efeitos excelentes no melasma.
Obtido principalmente das folhas da uva-ursi, diminui a ação da enzima tirosinase e inibe a maturação dos melanossomos.
Outros ativos como Belides e Extrato de Licorice apresentam efeitos positivos e seguros. Além disso alguns fatores são decisivos como gerenciamento cutâneo, fotoproteção e consciência que melasma não tem cura, e sim controle.
Cristiane Rochacristianerocha