11/11/2025
A história raramente se lembra das mulheres que suportaram seus capítulos mais cruéis — mas os Apaches jamais esqueceram Tze-gu-juni.
Nascida por volta de 1847, ela foi atingida por um raio durante uma tempestade que matou sua mãe e sua irmã. Ela sobreviveu. Mais tarde, durante o massacre de 1880 em Tres Castillos, foi capturada e escravizada. Enviada para a Cidade do México, seus algozes a chamavam de “Huera” — uma gíria espanhola para “mulher pálida” — não por sua pele, mas por ser diferente: traços marcantes, presença feroz e olhos em chamas.
Viveu acorrentada por cinco anos. Então, com nada além de uma faca e um cobertor, escapou ao lado de outras mulheres Apaches. Iniciaram uma jornada inimaginável: 2.000 quilômetros de deserto, fome e perseguição, guiadas unicamente pela vontade de sobreviver.
Em pleno caminho, um leão da montanha saltou sobre sua garganta. Ela enrolou o cobertor ao redor do pescoço e lutou até o fim. Foi escalpelada viva. Mas não caiu. Com um golpe certeiro, perfurou o coração da fera. Seus companheiros costuraram seu couro cabeludo com espinhos de cacto e saliva do próprio animal. Ainda sangrando, ela seguiu adiante.
Meses depois, quase mortos, chegaram à reserva de San Carlos. A aldeia não acreditava no que via. Tze-gu-juni se tornou xamã, tradutora e símbolo silencioso de força entre os Chiricahua. Carregava no rosto as marcas da brutalidade, mas nunca da vergonha.
Seu segundo marido, o lendário guerreiro Geronimo, chamou-a de “a mais corajosa das mulheres Apaches”.
E, mesmo assim, fora do seu povo, o mundo quase nunca diz o nome dela.