17/06/2020
Devaneios de quarentena
Já ouvi relatos de que, este estado de quarentena nos coloca particularmente em contato conosco, pois então, um momento em que o contato físico, presencial está cerceado por uma condição em que, não temos o controle e nem mesmo talvez a possibilidade de escolha.
É momento de aproximação com afetos, principalmente aqueles que mais nos mobilizam ou, imobilizam, porque temos uma real sensação de impotência e descontrole sobre o que esperar, diante de algo que não é visível ou tocável.
Muitos são os pensamentos que nos acompanham neste período, uns construtivos outros destrutivos. Mas como equilibrar as coisas? Em muitos aspectos somos colocados à prova. O que me leva a uma reflexão, se é que eu me permito nomear assim. Observa-se um movimento natural de distanciamento da religião, conforme nos aproximamos da ciência e, não pretendo aqui falar sobre este ponto em específico. Entendo que este fator, possa estar diretamente relacionado ao movimento de negação da ciência, neste momento ímpar em que vivemos e onde é peça fundamental no combate ao que, em um primeiro momento, nos paralisa. E, me parece que, o que está posto é que se eu me filio a uma delas, eu devo ter a outra como adversária, uma inimiga a ser combatida.
Mas, será que, as coisas têm mesmo que serem assim?
Se observarmos aspectos do funcionamento destas instituições, ciência e religião, quais sentimentos movem as pessoas para a filiação? Eu ouso em dizer que, um dos mais potentes seja a paixão. Paixão aquela que pode cegar, emudecer, paralisar. Dá medo falar, porque se abre para interpretações e, as interpretações são subjetivas e dizem das experiências vivenciais de cada um e de cada uma.
Embora não precisasse mencionar, meu intuito com estas palavras nem de perto é dar conta e/ou aprofundar a questão, porque questões não se encerram, elas abrem para outras questões que, podem ser novas ou resgatadas. Do mesmo modo, não pretendo que se torne vetor de discussões sobre certo e errado.
Apenas, encontrei um modo de dizer sobre o que ‘não’ se permite falar.