23/09/2022
O ser humano é, ao nascer, completamente dependente do Outro. Ele necessita que alguém satisfaça as suas necessidades básicas e que consiga traduzir o seu choro em demanda.
Vocês já devem ter se perguntado, ao observar uma mãe e um bebê onde, diante do choro da criança, a mãe comenta: "esse é um choro de cólica, este é porque ela está enjoadinha pois dormiu pouco." Para quem vê de fora, isso parece loucura e de fato é! Tanto que Winnicott tem uma expressão chamada de "loucura necessária das mães", justamente essa capacidade de dar sentido ao choro de um bebê, fome, frio, sono, enjôo, dor de barriga... A mãe faz uma suposição de que seu bebê chora porque demanda algo que ela pode dar. Dito de outra forma, essa loucura materna é o que possibilita a uma mãe atribuir algum sentido ao choro de um bebê.
Por isso a mãe é o lugar da linguagem para o pequeno ser. Tesouro dos signif**antes como aponta Lacan, nosso grande Outro.
Conta-se sobre o experimento de um imperador que viveu em XIII d.C, Frederico II. Ele queria saber qual era a língua das crianças recém nascidas e para tanto colocou um grupo de bebês em isolamento. A intenção dele era descobrir qual língua as crianças submetidas a isolamento, somente recebendo os cuidados do corpo como alimentação e higiene aprenderiam a falar. Os cuidadores entravam no ambiente e não falavam com os bebês, não emitiam sinal algum. Apenas alimentavam e limpavam as crianças em silêncio.
O resultado deste experimento foi a morte das crianças.
Com isso, evidencia-se o fato de que a satisfação das necessidades básicas de um pequeno ser não são suficientes para mantê-lo em vida! É preciso mais.
É preciso que o Outro primordial, expressão cunhada por Lacan para enfatizar a necessidade de que a mãe ou quem seja responsável por fazer essa função, ofereça suporte de linguagem a criança.
É dizer a um bebê que "nada entende" que quando ele chora f**a com o beiço igual do pai, ou que a maneira com que ele coloca suas mãozinhas em baixo da cabeça pra dormir faz lembrar de sua avó.
Emprestar palavras é inscrever o bebê no campo da linguagem, porém esse que empresta seus signif**antes não se reduz a figura materna (continua nos coment)