28/11/2025
A maior parte das mulheres que comem emoções não percebe quando essa relação começou.
Elas acreditam que “só comem demais”, que “desandaram”, que “não têm controle”.
Mas, quando a gente olha com calma, quase sempre existe uma história que veio antes da comida.
No ano passado, uma francesa de 28 anos contou seu relato para a imprensa europeia e chamou atenção pela semelhança com tantas outras mulheres.
Ela cresceu ouvindo elogios para o rosto, para o corpo, para o “potencial estético”.
E, durante um período de estresse intenso, engordou oito quilos.
O que veio depois não foi apoio.
Foram críticas.
Comentários sobre “desleixo”.
Piadas sobre “como ela estava desperdiçando a própria beleza”.
E até um chefe dizendo que a empresa “esperava uma aparência mais profissional”.
Aos poucos, ela começou a comer escondido.
Não por fome.
Mas porque era a única forma de aliviar o peso de tentar voltar a ser quem os outros queriam que ela fosse.
A compulsão não nasceu do prato.
Nasceu da cobrança.
Esse é o tipo de vivência que acaba formando o padrão que alguns profissionais chamam de Síndrome de Afrodite, quando a mulher aprende a acreditar que o valor dela depende do corpo que ela entrega para o mundo.
E os discursos que reforçam isso, direta ou indiretamente, são reflexo de uma cultura que transformou estética em obrigação.
Quando esse tipo de lógica se repete por anos, o emocional se desgasta, a culpa cresce, e a comida vira o único lugar onde o corpo consegue respirar por alguns minutos.
Mudar essa relação não passa por força de vontade.
Passa por entender o que te ensinou a carregar um padrão que nunca foi seu.
E, pouco a pouco, reconstruir a forma como você se enxerga, por dentro e por fora.