03/12/2025
O caso do menino que entrou na jaula do leão uma história que começou muito antes!
O caso do adolescente que entrou na jaula de um animal selvagem não fala apenas sobre imprudência.
Fala sobre uma vida inteira marcada por abandono, violências e uma ausência profunda de pertencimento. Esse menino — como tantos outros — carregava um mundo interno tumultuado, feito de dores não ditas, medos não acolhidos e necessidades emocionais que nunca encontraram lugar.
Carregava marcas que não são vistas a olho nu: a solidão que grita por dentro, a falta de figura de cuidado, a sensação constante de ser invisível.
Quando uma criança ou adolescente cresce sem amparo, exposta a rupturas, negligências e vínculos frágeis, o mundo pode se tornar confuso, imprevisível e perigoso.
E, muitas vezes, atos extremos não surgem da coragem nem da aventura: surgem da dor.
Surgem da desorganização emocional.
Surgem da busca desesperada por sentido, por atenção, por um lugar no mundo.
Entrar na jaula não foi apenas um gesto impulsivo foi o resultado de uma história marcada por vulnerabilidades acumuladas.
É o retrato de um adolescente que caminhava sozinho por dentro, pedindo ajuda sem saber como pedir. Precisamos olhar para além do ato, enxergar a criança por trás do comportamento, reconhecer o sofrimento mental, a falta de proteção e o abandono que antecedem decisões extremas.
Precisamos falar sobre cuidado, sobre prevenção, sobre a importância de vínculos seguros.
Precisamos construir uma sociedade que escuta antes que o grito vire tragédia.
Porque uma jaula não se invade do nada.
Ela é sempre o capítulo final de uma dor que começou muito antes e que poderia ter sido acolhida. Psicoterapeuta Elen Dallagnol