09/01/2019
O dia em que odiei a JBL. As pessoas que me conhecem sabem que não sou muito de odiar, prefiro amar. Estou de férias após trabalhar 12 meses de umas, sei lá, 60h/semana, querendo sossego, paz e harmonia. A única tecnologia que tenho acesso é meu smartphone e com sinal de internet bem ruim , quase inexistente. Escolhi lugar a dedo: praia, sol, verde, trilhas e muita gente bonita com sorriso fácil, rítmo slow motion. Ao preparar bagagem para sair de Curitiba, separei vários livros e meu notebook, pois pretendia ler todos os livros que comprei durante o ano e não li, fazer um curso de marketing digital e outro de scrum master, afinal teria todo o tempo do mundo nesses 15 dias, ainda mais se chovesse. Estava preparadíssima, que venham as férias! Mas não foi bem assim, meu inconsciente me fez esquecer em casa todos os livros e o notebook,( ufa minha saúde mental agradece , escreverei da importância de férias para a saúde física e mental num outro texto). Então fiz o que na terapia comportamental dialética (DBT), chamamos de aceitação radical, e aceitei que precisava viver o momento de relaxamento e solidão criativa, não ter acesso a internet, nem em grupos e por ser rata de livros não ler e simplesmente aceitar o NÃO FAZER NADA. Levei 2 dias para parar de me debater internamente e a aceitar o fato de não ler, ou fazer cursos online. Nestes dias fiz minhas práticas de yoga bem cedinho, olhei a garoa pela varanda na rede, fiz trilhas e voltei com os pés pretos, pegar sol e produzir vitamina D em outras palavras deixar o corpo com marca de biquíni(sonho de curitibana branquela). Pensar em todas as subidas e no quão sem folego estou e no que eu abri mão de mim neste último ano. Vamos voltar a JBL Depois de caminhar subir umas rampas, lombas ou morro mesmo e depois descer cheguei numa praia maravilhosa. Apesar de rústico tem uma estrutura bem legal, restaurantes, banheiros , surfistas, muito surfistas e lógico os turistas... ahhh nós turistas, conversando com nativos são bem dicotômicos uns amam os turistas afinal o verão faz o inverno deles. Outros falam abertamente o quanto atrapalhamos a vida sossegada, o trânsito e lugares como este não tem estrutura de estradas, ruas que super lotam, saneamento e saúde e rezam o verão inteiro para irmos embora logo. Adoro papear com moradores locais nas minhas viagens. Chegando escolhi um restaurante com serviço de praia me ajeitei com minha filha e amiga ... Aguardando pelo sol, uma água de coco e uma cervejinha porque ninguém é de ferro e afinal são férias. Elas saíram para caminhar e eu no ritmo de férias deitei na cadeira para escutar um dos sons mais belos que existe. Um som que me faz ser grata por ter o dom da audição, o som das ondas quebrando , o som do mar. Amo mas amo verdadeiramente areia nos pés, cheiro de mar e o som que produz. Deitada, curtindo meu sonzinho de mar, olhos fechados, relax total, de repente vem um som alto que não era do mar, um som não proibido, um som que vinha numa caixa sendo carregada por um humano. Um humano que tem todo o direito de estar fazendo exatamente o que está fazendo escutando sua música predileta ( nem vou entrar no estilo musical) que não era jazz ou clássica, nem sequer surf music, mas era alto, vinha numa super JBL 4 , extreme, ou sei lá o tipo que esta na moda no momento. Era potente e tão ef**az que o meu som amado do mar sumiu. Neste momento lentamente abro meus olhos para avaliar a gravidade, se o humano está só de passagem com sua super JBL ou veio para f**ar. Sento e percebo que é grave, ele pediu serviço de praia, mesa, cadeira, guarda sol, cerveja.. veio para f**ar com toda a potência desta marca. Neste momento EU odiei a JBL. Tem uma bateria que não acaba nunca, uma potência que faz o mar calar se. Novamente fiz o que a DBT me ensinou e eu ensino meus pacientes todos os dias quando você não puder fazer absolutamente nada para mudar a situação em que se encontra aceite, mas aceite radicalmente e continue sua vida, suas férias, seu dia. Com amor Rita.