20/11/2025
O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é uma data dedicada à reflexão sobre a luta, a resistência e as contribuições da população negra na construção do Brasil. A escolha do dia marca a morte de Zumbi dos Palmares, símbolo de enfrentamento à escravização e de busca pela liberdade. Não é um dia de celebração, mas de memória, consciência e responsabilidade coletiva.
É também um convite a encarar que o racismo segue sendo uma ferida aberta que atravessa corpos, afetos, sexualidades e relações. O racismo não é apenas um fenômeno social: é psíquico. Impacta a forma como alguém se percebe, como vive o próprio corpo, como experimenta desejo e intimidade. Na clínica, isso aparece com força quando surgem relatos de fetichização, exotificação, deslegitimação de sofrimento ou silenciamento de experiências raciais. Essas marcas produzem dor, vergonha, hipervigilância e solidão, e precisam ser reconhecidas para que a terapia não repita a violência que existe fora dela.
Diante disso, cabe aos profissionais da saúde mental revisar práticas, encarar vieses, estudar branquitude e ampliar a escuta. Não para ocupar espaços que não lhes pertencem, mas para não reproduzir opressões e para construir um ambiente de acolhimento real. A clínica pode (e deve) ser um espaço onde o racismo é nomeado, enfrentado e reparado.
💡Consciência não é um ponto de chegada, é um compromisso vivo, que deve ser renovado todos os dias.
Rogerio Maia
Psicólogo/Sexólogo
CRP-08/31126