08/04/2023
Café descafeinado
Ou o Amor nos tempos do light/free
"Quero um amor tranquilo". Anunciam os sujeitos que vem falar sobre suas tentativas de encontrar parceiros amorosos. Acompanhamos a luta, o sofrimento e a solidão de inúmeros sujeitos que se dizem cansados e machucados. E nós analistas , o que estamos ouvindo sobre estas queixas em tempos marcados pela lógica do desempenho, da racionalidade e do imperativo de felicidade? Freud dizia que os seres humanos eram acometidos por três grandes fontes de sofrimento: O próprio corpo, as interperies da natureza e as relações com outros seres humanos . Se ao nascer deixamos clara toda a dependência que temos de um outro ser humano o que faz com que para construir um novo laço, a sensação de dependência seja sentida com tanto rechaço e tanta angústia? Por que ,no jogo de sedução se colocam como seres inalcançáveis, desapegados e na expressão do momento : auto suficientes? Falam sobre isto, mas nos contam, sem saber que contam, sua imensa solidão. Nos perfis dos aplicativos de relacionamento alguns alertas: “Não quero nada sério” ! “Pego, mas não me apego”! Ou seja ,um individuo sem vulnerabilidade, no controle. O que enunciam estes sujeitos ? Se para ser feliz é preciso o tal equilíbrio sentir é menos, f**ar apegado é problema, demonstrar o afeto é motivo de "block." Quero um amor tranquilo! Quero um relacionamento que não doa . Mas, que amor é leve ? Qual paixão é sem barulho? É possível não ser afeto pelo afeto ? Um amor asséptico, sem sal, sem açúcar, um amor light ? Bem, que tal um café? É curioso que um sujeito que coloca estas frases em seu perfil e que ao receber um convite para um café diga que só tomam café descafeinado, para não lhes atrapalhar o sono.
Perfil novo para os interessados em acompanhar, contribuir, xeretar e aprofundar estas e outras questões da contemporsneidade através da bibliografia abaixo :
Introdução ao Narcisismo de (Freud )
A Rosa mais vermelha desabrocha( Live Stronquist)
A gente mora no amor e acerta na solidão ( Ana Suy)
Dissidências Se***is Temporalidade Q***r( Daniele Kveller)
O direito ao S**o ( Amia Srinivasan)