Psicóloga Mariane Panek

Psicóloga Mariane Panek Psicóloga Social Comunitária CRP-08/32713

A importância da Psicologia latino-americana para a saúde coletivaA psicologia latino-americana nasce da urgência de com...
12/11/2025

A importância da Psicologia latino-americana para a saúde coletiva

A psicologia latino-americana nasce da urgência de compreender o ser humano não como um indivíduo isolado, com uma subjetividade universal, mas como ser histórico, social e político, constituído nas relações e nas contradições da realidade em que vive. Inspirada pelo materialismo histórico-dialético, essa psicologia rompe com a neutralidade e assume seu caráter ético e transformador. Não busca adaptar as pessoas à desigualdade, mas compreender e atuar junto às comunidades nas condições concretas que produzem o sofrimento, reconhecendo que a saúde é um processo coletivo, complexo e enraizado nas dimensões sociais, culturais e econômicas.

No capitalismo, o sofrimento não nasce no vazio. Ele é produzido.

Produzido e necessário para sustentar a ideologia de um sistema que transforma vidas em mercadoria. Um sistema que precisa manter muitos na exploração para justificar o bem-estar de poucos. As relações desiguais e as políticas que produzem exclusão não são desvios: são condições estruturais de um modo de produção que precisa do adoecimento.

Por isso, você precisa acreditar que há algo errado com você, e não com o sistema e a estrutura. Desde a década de 1980, nomes como Silvia Lane, Paulo Freire, Maritza Montero, Martín-Baró e outros impulsionaram essa virada epistemológica e política, rompendo com a psicologia eurocêntrica e adaptativa, e afirmando uma ciência que se constrói no encontro entre teoria e prática, entre saber acadêmico e vivência.

QUEM NOS INSPIRA?

Paulo Freire (1921–1997, Brasil)
Através do materialismo histórico-dialético, Pedagogia Popular e Educação Libertadora, articulava saberes, cultura e ação coletiva para fortalecer a autonomia e a luta dos povos oprimidos. Educador e filósofo, pioneiro da educação popular, Defendia que a educação pode ser prática política e revolucionária, voltada à conscientização, emancipação e transformação social. Ver o sofrimento descolado das condições estruturais já não responde às demandas do nosso tempo. A ciência que se limita a um indivíduo isolado com uma ideia de subjetividade universal, ignora que cada contexto é atravessada por história, território, classe, raça e gênero.

Virgínia L. Bicudo (1910–2003, Brasil)
Socióloga e psicanalista, pioneira nos estudos sobre o racismo na sociedade brasileira nos primórdios das ciências sociais. Pesquisou relações raciais em São Paulo, articulando sociologia, antropologia, psicologia social e psicanálise crítica, mostrando como as estruturas sociais e econômicas moldam a vida e o sofrimento das pessoas. Foi educadora sanitária, professora e divulgadora científica.

Martín-Baró (1942–1989, El Salvador)
Psicólogo social, atuou durante a guerra civil e ditadura. Criador da Psicologia da Libertação, via o sofrimento psicológico como resultado das condições sociais e explorações imperialistas. Inspirado pelo marxismo e Teologia da Libertação, unia análise crítica e práxis transformadora. Sua obra é central para a psicologia comunitária, conectando saúde e mobilização popular. Foi assassinado em 1989 por militares da ditadura.

Nise da Silveira (1905–1999, Brasil)
Psiquiatra e comunista, foi presa e exilada pelo regime varguista em 1936. Ao retornar, desafiou o modelo psiquiátrico tradicional ao recusar eletrochoques, lobotomias e contenções. promovia tratamentos com espaços de liberdade, expressão e criatividade. Pioneira na luta antimanicomial, sua prática articulava cuidado coletivo e saúde mental libertadora, mostrando que o trabalho psicológico pode ser uma prática política e revolucionária.

Nego Bispo (1959–2023, Brasil)
Filósofo e líder quilombola, criticava o conceito de "desenvolvimento" imposto pelo capitalismo, que separa o ser humano da natureza, transformando-a em um recurso a ser explorado, Atrelando o sofrimento humano a isso. Defendia que a saúde está intrinsecamente ligada à preservação ambiental e à valorização dos modos de vida tradicionais das comunidades, propondo uma visão integral de saúde, natureza e coletividade.

Maritza Montero (1944–2025, Venezuela)
Um dos principais nomes da psicologia comunitária e da libertação, através também do materialismo histórico-dialético, sua obra analisa como desigualdades, poder e participação política influenciam a saúde mental e o bem-estar coletivo. Desenvolveu métodos que articulam intervenção comunitária, mobilização popular e empoderamento social, fortalecendo a autonomia das comunidades e a transformação social.

Silvia Lane (1933–2006, Brasil)
Psicóloga social que atuou durante a ditadura militar, inspirada pelo materialismo histórico-dialético, Marx e Vygotsky. Desenvolveu uma psicologia voltada à classe trabalhadora e comunidades populares, denunciando a psicologia burguesa. Para ela, a práxis, união entre teoria e ação, é o centro do fazer psicológico, construindo uma ciência histórica, política e libertadora, guiada pela emancipação coletiva.

"A psicologia tradicional, mesmo quando pretendeu ser neutra, cumpriu uma função social conservadora: manter a ordem existente e adaptar os sujeitos às condições dadas, em vez de contribuir para sua transformação. Ao patologizar comportamentos e emoções que expressam a contradição social, a psicologia se tornou instrumento de controle e normalização. Para romper com essa herança, a Psicologia Social comprometida com o materialismo histórico e dialético precisa recolocar o sujeito em seu contexto de classe, de gênero, de raça e de trabalho. É somente ao compreender o homem como ser socialmente determinado e determinante que se pode construir uma ciência psicológica verdadeiramente emancipadora." (Uma Psicologia Social Baseada no Materialismo Histórico e Dialético: da emoção ao inconsciente, de Silvia T. M. Lane.)

Ainda assim, grande parte da categoria segue presa a modelos ortodoxos, que reduzem o sofrimento a visões simplistas e descontextualizadas, silenciando as contradições sociais. Mas as ruas, as comunidades e os territórios continuam a lembrar que a psicologia precisa se reinventar. E que seu papel não é neutralizar o conflito, e sim compreendê-lo, se implicar nele e atuar pela transformação da realidade.

Primeiro, você começa. E depois, você melhora ✊❤️‍🔥✨
24/02/2025

Primeiro, você começa. E depois, você melhora ✊❤️‍🔥✨

Denunciem!!
20/02/2025

Denunciem!!

Ao reconhecer que a sociedade se estrutura a partir de uma relação desigual de poder que também forma nossas subjetivida...
19/02/2025

Ao reconhecer que a sociedade se estrutura a partir de uma relação desigual de poder que também forma nossas subjetividades e sofrimentos, onde um pequeno fragmento dominante explora e oprime massas gigantescas, a Psicologia, ao lutar pela superação disso, se torna uma ferramenta importantíssima para avançar na revolução da sociedade em que estamos, sendo, portanto, indissociavelmente antifascista, na medida em que combate as estruturas de dominação e violência que sustentam a opressão.

No 18º Encontro Paranaense, aprendemos que decolonizar saberes, reconhecer a história e cultivar o futuro ancestral é ta...
16/02/2025

No 18º Encontro Paranaense, aprendemos que decolonizar saberes, reconhecer a história e cultivar o futuro ancestral é também sobre coletivizar a construção e romper com a lógica individualista. É compreender os afetos mesmo nos momentos de desafetos. É se enxergar como parte de um todo muito maior do que qualquer ego individual – esse mesmo ego que nos ensinaram a colocar acima dos interesses coletivos.

A psicologia, em um movimento de autocrítica, precisa ser pautada pela cosmovisão de quem, desde antes de nós, já trazia os fundamentos que hoje tentamos nomear em outras línguas e culturas. Construir lado a lado, colocando o corpo em trabalho, comprometendo-se a entregar o melhor e valorizando cada debate, cada estudo, cada troca que aponta avanços – isso significa assumir que nossas lutas não podem ser terceirizadas. Seremos nós mesmes a fazer e construir.

Com todas as dificuldades, o cansaço extremo e os desafios do caminho, levo dessa experiência a emoção de ver o trabalho e atuação das pessoas estudantes, que estão de fato construindo uma ciência alinhada às necessidades que nós, profissionais atuantes, identificamos em campo. Como Psicóloga Comunitária, testemunhar essa troca entre profissionais de diversas culturas e epistemologias, reforçando a importância de uma ciência ancestral que compreenda os aspectos sociais como centrais na construção do sujeito, só me traz mais felicidade e a certeza de que escolhi o caminho certo para minha vida.

Na primeira e na última foto, com as pessoas monitoras que fizeram este evento acontecer! Muito feliz por termos atuado e defendido as Comissões de Estudantes pelo estado, que, com seu engajamento, demonstram compromisso com a profissão e seus princípios éticos. Muito respeito por vocês!

Por uma Psicologia popular e construída por seus povos! Gratidão a todes 🔥

A psicologia vai além de tratar doenças ou analisar comportamentos, ela é uma prática política, conectada às lutas socia...
27/01/2025

A psicologia vai além de tratar doenças ou analisar comportamentos, ela é uma prática política, conectada às lutas sociais. Nossa responsabilidade é entender e intervir nas condições que afetam a saúde mental, que não estão dissociadas das opressões estruturais que afligem os mais vulneráveis. Nossa categoria, que se formou na resistência durante a ditadura militar, tem a missão de impedir o retorno dessa necropolítica e agir diretamente aonde essas violências estão ocorrendo.

A psicologia deve estar ao lado da população nas batalhas contra a violência de gênero, o racismo, a homofobia e as desigualdades sociais. Não podemos ser neutros, pois a neutralidade é cumplicidade. Devemos atuar ativamente na construção de uma sociedade que se liberte das amarras do capitalismo, do imperialismo, do patriarcado e da discriminação.

A verdadeira saúde mental só existe em uma sociedade onde todos os direitos são construídos com seu povo e respeitados, e a psicologia deve ser uma aliada da revolução social, transformando a realidade em favor da emancipação e da dignidade.

Há muitos aspectos dentro do campo da Psicologia que precisam ser revisados, as questões pontuadas abrangem uma infinida...
21/01/2025

Há muitos aspectos dentro do campo da Psicologia que precisam ser revisados, as questões pontuadas abrangem uma infinidade de outros fatores.

Essa ciência se constrói a partir da atualização contínua e da crítica como elementos centrais de seu método, permitindo que ela evolua e se mantenha conectada às demandas sociais, históricas e culturais do seu tempo.

• Agenda aberta para acompanhamento terapêutico.

E começou 2025 🔥  Foto 1:
20/01/2025

E começou 2025 🔥



Foto 1:

Esse perfil está no modo DESCANSA MILITANTE! Depois de um ano intenso, muita coisa precisa ser ajeitada nas nossas mente...
22/12/2024

Esse perfil está no modo DESCANSA MILITANTE! Depois de um ano intenso, muita coisa precisa ser ajeitada nas nossas mentes pra iniciar o novo ano com erros novos também, como diz meu amigo .

Para nós, feliz desobediência e próspera resistência 🫂 paz entre nós, guerra aos senhores ✊

Arte original:

#2025

  de gratidão e afeto pelo movimento da vida 🔥❤️
18/12/2024

de gratidão e afeto pelo movimento da vida 🔥❤️

06/12/2024

Endereço

Treze De Maio, 336
Curitiba, PR

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