15/11/2025
Era para ser uma cena como outra qualquer, mas Kate Winslet decidiu quebrar o gelo de forma inusitada. No primeiro encontro com Leonardo DiCaprio, ela ergueu a blusa e mostrou os seios. Não era assédio, era um pacto: despir a tensão antes das cenas de nudez que os aguardavam. Aquele gesto ousado estabeleceu a notável química orgânica imprimida na tela. Eles não estavam ali para se levar a sério demais. Estavam ali para se salvar, um ao outro, daquele mar de pressão esmagadora no set de “Titanic” (1997).
Essa cumplicidade instantânea tornou-se o alicerce de tudo. Enquanto James Cameron comandava um set gigantesco e caótico, com orçamentos disparando e prazos se esgotando, Leo e Kate construíam seu próprio refúgio. Ele, com seu humor de "gato persa" que detestava a água gelada, era o "Leo Fedorento" que deliberadamente comia alho antes das cenas de beijo só para ouvi-la rir. Ela, com sua determinação feroz, era sua âncora nas intermináveis horas submersos em tanques gélidos, onde ele acariciava sua perna no ritmo da respiração para acalmá-la. Riam às escondidas entre as tomadas, dependiam um do outro para suportar a exaustão.
Dessa sintonia nasceu a espontaneidade que definiu seus personagens. A icônica fala "Ali na cama... no sofá", um erro honesto de DiCaprio que Cameron achou genial e decidiu manter. A cusparada no rosto de Cal, ideia da própria Winslet, muito mais poderosa do que o gesto previsto no roteiro. Eles co-criavam o romance entre Jack e Rose em meio à réplica colossal de um navio condenado, como duas almas jovens brincando com a gravidade de um filme épico, improvisando a verdade no olhar, no toque, no riso contido.
O preço físico, no entanto, foi alto. Winslet sofreu hipotermia, hematomas e fraturas. DiCaprio deslocou o ombro. Ambos, em solidariedade silenciosa, urinavam na água gelada do tanque gigante, limitados pela ordem tirânica de um diretor que não permitia pausas. O set era um inferno controlado, mas o refúgio deles era a amizade. A última cena filmada, o abraço após Rose saltar do bote, teve uma tomada extra a pedido de Leo – "para os atores" –, onde ele a levantou nos braços, um gesto de despedida não só para os personagens, mas para a