Júlia Montazzolli - Psicologia Clínica

Júlia Montazzolli - Psicologia Clínica Informações para nos contatar, mapa e direções, formulário para nos contatar, horário de funcionamento, serviços, classificações, fotos, vídeos e anúncios de Júlia Montazzolli - Psicologia Clínica, Terapeuta, Curitiba.

Formada em Psicologia pela Universidade Estadual de Londrina; pós-graduada em Clínica Psicanalítica pela mesma universidade; pós-graduada em Saúde da Criança e do Adolescente pela residência multiprofissional do Hospital Pequeno Príncipe; Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná; psicóloga da saúde no município de Araucária

27/04/2025
Hoje tinha um bebê de pouco menos de seis meses no lugar onde eu estava. Ele agitava os pezinhos, levava as mãos à boca ...
08/02/2022

Hoje tinha um bebê de pouco menos de seis meses no lugar onde eu estava. Ele agitava os pezinhos, levava as mãos à boca e balbuciava constantemente, fazendo o bebê conforto balançar e também o coração dos crianceiros de plantão ali, como eu.
E fazia isso com um detalhe: o olhar que ele tinha era vivo, atento e convocador. Percorria os rostos de quem estava por perto, enquanto a mãe estava ali mas não diretamente no seu campo de visão. Era um olhar provocador, um misto de perplexidade e de exigência de atenção, com boa dose de êxito.
Com uma certa variação nos jeitinhos de cada bebê, isso é algo que a gente espera que ocorra nesse espaço de tempo: que, ao se desenvolver, o projetinho de sujeito vá apresentando esse crescente interesse pela vida e pelas pessoas. E um interesse que transborda em olhar em gesto. Um desejo de explorar e de se relacionar que, muito antes do verbo e de toda a coordenação motora necessária, já está ali.
Já pensou quanta coisa aconteceu em poucos meses pra que isso fosse possível?

“A filha perdida” Alerta: contém spoilers e este é um filme que vale a pena ver. Leda é uma professora universitária ing...
13/01/2022

“A filha perdida”
Alerta: contém spoilers e este é um filme que vale a pena ver.
Leda é uma professora universitária inglesa que vai passar suas férias sozinha na Grécia. Surpreendida pela chegada de uma família grande e um tanto intimidadora à praia em que ela está, logo sua paz é radicalmente interrompida pelo seu envolvimento paulatino nos dramas do grupo. Leda é capturada pela sedutora Nina, ao se identif**ar com a relação ambivalente que a moça desenvolve com a filha pequena. O drama principal se desenrola quando Leda, a despeito da falta de sentido desse ato, secretamente rouba para si a boneca da menina.
Os flashes que Leda tem desde o início desse encontro deixam claro ao espectador: há uma série de grandes culpas que a professora carrega em relação à própria maternidade de suas duas filhas. A protagonista do longa inspirado no livro de Elena Ferrante, no entanto, convoca em nós uma empatia inescapável. Sua história difícil com a maternidade é posta de antemão, ao mesmo tempo que o seu irrefutável amor pelas filhas. E isso é deduzível na medida em que conseguimos acessar seu próprio ponto de vista, a existência de uma mulher sedenta de ser mulher para além de apenas mãe, o descompasso entre os deveres parentais mal distribuídos entre homens e mulheres.
Quando ela rouba a boneca, remeteu-me a uma vontade de reparar sua maternidade falha, quando ela cuida e aninha a boneca com tanto esmero: a boneca da criança que a lembrava tanto de sua pequena Bianca. Ao mesmo tempo, havia o desejo de vingança daquela família poderosa e avassaladora. Talvez, poderíamos supor também a inveja da bela, jovem, desejada e apoiada Nina. Mas, por outro lado, Leda sabia da consequência de roubá-la. A sensação de perigo circunda todas as interações de Leda com essa família, que a observam e intimidam a todo o tempo. Soma-se a isso os maus presságios e pequenas hostilidades que o ambiente parece lhe apresentar: me fizeram pensar mesmo que, se havia uma motivação para o roubo da boneca, este necessariamente também passava por uma necessidade de pagar pela culpa que ela carregava pelos momentos em que não pode ser mãe para não desaparecer como mulher, como sujeito.
Mães são pessoas. Mulheres. Que querem viver outras coisas além da maternidade, e as crianças pequenas tornam isso muito difícil se você é a única figura que realmente se ocupa do cuidado delas. O processo de separação entre uma mãe e seu bebê é sôfrego, cansativo. Eu suporia que todas (ou quase) se deparam com a vivência de esgotamento em algum ponto. Passa, mas pra isso é preciso ser cuidada, ser apoiada, ser autorizada - e se autorizar - a retomar pra si a própria vida.

O silêncio fala muito. Fala o indizível nos momentos oportunos. Poupa de agressividade a expressão da recusa. Oferece al...
01/12/2021

O silêncio fala muito. Fala o indizível nos momentos oportunos. Poupa de agressividade a expressão da recusa. Oferece alento com o respeito pela dor do outro que qualquer palavra estragaria. Imprime intimidade em um momento, ou denuncia a falta dela. O silêncio abre os ouvidos para o som da vida acontecendo em volta, aumenta o volume das palavras que se repetem dentro. O silêncio angustia, porque traz à tona o que pode ser difícil de suportar, mas também porque ressalta o que há de mais urgente e barulhento em nós.
Se tem coisas que um analista respeita, eu diria que são a verdade e o silêncio. A pausa na fala, no intervalo infinito ou breve de uma sessão, nunca é tempo perdido. É tempo necessário de elaboração, de contemplação. De limpar da cena o borburinho do cotidiano, das queixas, e assim abrir caminho para o encontro singular de si consigo mesmo que envolve um processo analítico. Nem todo silêncio é igual: pode ser hesitação em expressar raiva ou algo que cause vergonha, pode ser vazio de palavras, pode ser protesto, pode ser perplexidade. Pode ser conforto e vontade de se demorar naquele instante, naquele pensamento. Nele cabem tantas comunicações diferentes quanto as janelas nos prédios que vejo aqui do alto. Silêncio é, ele mesmo, janela de tempo, espaço, imagem e som.

Capitu traiu bentinho? Mais de 120 anos depois que Dom Casmurro foi escrito, a gente segue aqui, assombrado pelo fantasm...
28/11/2021

Capitu traiu bentinho? Mais de 120 anos depois que Dom Casmurro foi escrito, a gente segue aqui, assombrado pelo fantasma da dúvida. O fantasma de não poder saber – nunca! – exatamente a medida do amor e da fidelidade de quem amamos. Embora a gente já esteja a meia distância do romantismo idealizador, se deparar com o desejo do outro amado por alguém que não você, em geral dói. Nem vou aqui querer entrar na seara da normatividade das relações monogâmicas, mas é fato que dificilmente iremos passar incólumes ao nos depararmos com essa possibilidade e ao considera-la de forma concreta.
Estar à mercê de se deparar com os limites da fidelidade e das relações amorosas é inevitável, é humano. O desejo do outro, por estável que seja a relação, flutua. É fugidio, vai e volta pra gente, como sabonete molhado: querer agarrar com força é empurrá-lo pra longe. Ciúme, levamos às vezes tempo pra perceber, é em última instância um problema nosso, e não do outro.

Terapia (ou ter a pia) Crochê é terapêutico? Deve de ser para muitos, para mim não dá não. Mas cozinhar é. E outras tant...
22/11/2021

Terapia (ou ter a pia)

Crochê é terapêutico? Deve de ser para muitos, para mim não dá não. Mas cozinhar é. E outras tantas coisas o são ou podem ser: tomar uma cerveja (ou coca, suco, qualquer coisa que se queira) falando bobagens ou coisas profundas com um amigo, ver série, fazer skincare, Yoga, meditação, exercício físico, aumento no salário...
Ter satisfação é terapêutico, se conectar com as pessoas é profundamente terapêutico. E aprender, e se desafiar, e praticar autocuidado... Ter a pia pode até ser também: “não f**a pensando muito não. Vá se ocupar. Tira essas coisas ruins da cabeça”. Às vezes não pensar é uma estratégia de sobrevivência, às vezes é a única possível. Mas terapia existe e se difundiu nesse mundo afora porque em geral não pensar é parte da armadilha.
Raul seixas teria dito a alguém em algum contexto (li isso numa biografia ilustrada do músico): “ou você se aceita como é, ou f**a em casa fazendo crochê”. Pois faça crochê, se isso lhe faz bem. E se aceite como é. E para isso, se preciso for, faça terapia.

Estar de volta é uma sensação curiosa. Em muitas situações, eu creio. É o familiar e o estranhamento inerente de que nad...
09/11/2021

Estar de volta é uma sensação curiosa. Em muitas situações, eu creio. É o familiar e o estranhamento inerente de que nada é mais a mesma coisa.
Fiquei pensando em que trazer nesse retorno – de uma tentativa de diálogo nas redes, do lugar de psicóloga – e resolvi partir exatamente daí: da dificuldade de iniciar.
Sempre uso a metáfora que sair de um estado – por exemplo, o estar deprimido – é como empurrar aquele carro que deu problema no meio da rua. É necessário um esforço muito grande para fazê-lo se mover, é verdade, mas uma vez rompida a inércia, a continuidade do movimento recompensa com um certo descanso dinâmico e alegre (ufa! Gira a chave que agora vai!)
E que força é essa que a gente precisa, então? É desejo. Desejo que supere aquela força de atrito interna que a gente tem: um não querer perder algo que a situação atual nos dá, um medo. Do desconhecido, do desconforto, da humilhação, da rejeição... Veja que superar não é anular: o atrito continua lá, mas há que se ter algo que seja, ainda que pela fração de tempo de um impulso, ainda maior que ele.
Demos então boas vindas às forças que nos empurram acima de nossos medos.

Endereço

Curitiba, PR
80730-000

Notificações

Seja o primeiro recebendo as novidades e nos deixe lhe enviar um e-mail quando Júlia Montazzolli - Psicologia Clínica posta notícias e promoções. Seu endereço de e-mail não será usado com qualquer outro objetivo, e pode cancelar a inscrição em qualquer momento.

Entre Em Contato Com A Prática

Envie uma mensagem para Júlia Montazzolli - Psicologia Clínica:

Compartilhar

Share on Facebook Share on Twitter Share on LinkedIn
Share on Pinterest Share on Reddit Share via Email
Share on WhatsApp Share on Instagram Share on Telegram

Categoria