13/07/2025
... "A mãe é quem traduz ou interpreta as necessidades da criança. Uma ‘mãe suficientemente boa’ deixará o espaço necessário para que seu bebê aceite sua ausência, mas não tanto a ponto de sua ausência se transformar em um verdadeiro buraco."
(BLINDER, KNOBER, SIQUIER, p. 87)
Essa citação me saltou aos olhos nos estudos de hoje...
No nosso encontro do .lacospsi , ontem, conversamos sobre algo que muitas vezes é difícil de sustentar: a importância da ausência na constituição psíquica do bebê.
Sim, a presença de um cuidador é fundamental — não apenas para os cuidados físicos, mas para acolher, nomear, dar sentido às experiências do bebê. No entanto, também é preciso um certo vazio, uma fresta, para que o bebê possa desejar, imaginar, inventar.
Uma mãe que tenta responder tudo, preencher todas as faltas, pode — sem querer — impedir que o bebê se torne sujeito de sua própria história.
Na clínica, muitas vezes vemos crianças com dificuldades na linguagem, por exemplo, em contextos onde os adultos falam e fazem por elas. Apontam o que querem, e logo são atendidas. Qual espaço sobra aí para experimentar, nomear, pedir?
🌱 Deixar espaço é permitir ao bebê construir.
É confiar que ele pode descobrir, e que a ausência — na medida — não é abandono, mas condição para a subjetivação.