13/01/2021
Certa vez, em um atendimento, ouvi essa frase de um sujeito à beira de seus 13 anos.
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E essa frase me fez refletir. O que do adolescente é difícil? Por que, às vezes, causa tanto incomodo aos pais? O que realmente está sendo difícil para aquele sujeito? São inúmeras as interrogações a se fazer, principalmente na clínica com adolescentes.
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O sujeito na adolescência é aquele que está em trânsito, em movimento. Diria, que essa travessia que o sujeito está por fazer, demanda muito, as vezes dói, enfurece, embaraça, amedronta, confunde, não somente o próprio sujeito, mas também os pais, que se angustiam por não estarem mais reconhecendo a sua cria, e tenho testemunhado na clínica falas como: "eu não o reconheço mais..." ou "como pode estar tão diferente?".
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Ouso acrescentar nessas falas; "está tão diferente de mim... tão diferente daquilo que idealizei". Talvez aí encontramos um difícil, um incômodo.
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Muitas vezes, sustentar esse diferente, esse corpo estranho, que grita, é um movimento importante e um marcador da adolescência. Por isso, e ainda mais, é que pode ser dificultosa essa travessia.
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Não é fácil sustentar um saber de quem eu sou ou como serei. Não é fácil se confrontar que não há garantias que tudo isso vai passar. Pois é. Não é fácil, ser/adolescente, mas o nosso papel na clínica Psi é tornar possível essa travessia, embarcando junto para um lugar (ainda) desconhecido da vida, um lugar a ser desbravado, respeitando o seu momento, a sua história, a sua verdade.
Cristiane Deon 🌻
Qual a sua opinião sobre isso? E como foi sua travessia na adolescência?