16/11/2025
Como a maioria, tive o que vocês chamam de hiperfoco (eu chamo de interesse obsessivo) no Ayrton Senna no final do ano passado, depois da minissérie da Netflix.
Eu não o acompanhava, era muito nova, mas claro que lembro do ídolo e da comoção mítica que a morte dele provocou no país.
Assisti à minissérie, li a biografia mais importante (A Vida de Ayrton Senna, de Ernesto Rodrigues), vi o documentário duas vezes, maratonei entrevistas, bastidores, tudo. Estudei as regras de Fórmula 1, aprendi sobre o funcionamento e o sistema de pontuações.
Mas faltava uma peça.
Uma das peças mais importantes.
Uma peça que só ela podia dar.
Aí eu assisti ao documentário da Adriane Galisteu.
E tudo fez sentido.
Que mulher.
Forte, autêntica, luminosa, e obrigada a amadurecer muito antes da hora. Ela, aos 19 anos, viveu um amor gigante, sob holofotes cruéis, e ainda assim segurou tudo com uma elegância e graciosidade que poucas pessoas têm quando o mundo resolve esmagar. E o mundo foi cruel com ela.
Mas foi aí que eu entendi exatamente por que o Béco se permitiu.
Ela era tudo o que faltava nele: espontaneidade, riso fácil, juventude, frescor, leveza.
Ele, desconfiado, “japonês”, disciplinado até o osso, quase uma máquina, encontrou nela um lugar onde ele podia simplesmente… ser.
Ela trazia luz. E no encontro dos dois, um brilhou no outro.
Dói ver como ela sofreu.
Dói ver como ela ainda sofre.
Dói ver como ele a amou, e como o destino foi implacável em roubar o depois.
Mas talvez seja isso: algumas pessoas passam rápido, mas iluminam como se tivessem f**ado uma vida inteira.
E algumas mulheres, como a Adriane, sobrevivem ao impacto.
Inteiras, mesmo que nunca intactas.