01/06/2017
Me dei conta de que a vida é igual para todo ser vivo. [...] É por isso que cheguei à conclusão de que cada um é dono e senhor da sua própria roda gigante. Umas giram mais lentas, outras parecem maiores, talvez mais coloridas ou iluminadas, algumas um tanto enferrujadas. Mas somos todos rodas gigantes. Todos nós giramos. Todos completamos ciclos. Por vezes estamos em cima, ora em baixo. Em alguns momentos no meio, na dúvida; inseguros quanto ao subir ou descer, acelerar ou deixar fluir. Então subimos, esticamos as mãos, sentimos a brisa no rosto e aquele frio na barriga. As mãos começam a suar, nos enchemos de esperança, parece que vamos tocar o céu, as nuvens, o sol, a lua, as estrelas. Somos poderosos, gargalhamos, chegamos ali no alto e aquela sensação de que nada poderá nos alcançar! É a plenitude da vida! Ou de um momento da vida. O vento sopra a seu favor, você é o maioral, tudo está dando certo! Até que, sem se dar conta, você se acomoda, encontra ali uma boa posição e a sua roda começa a descer, mas seu otimismo é tamanho que você até começa a se sentir seguro vendo o chão se aproximar. E vai descendo. Um ciclo está por se fechar. É quando as frustrações chegam sem avisar, seus medos começam a crescer na mesma proporção em que você se sente diminuir. [...] OK, amigo. Foi só uma queda. Brusca. Um tombo, pode se dizer. Tá certo curtir a sua dor e aprender com ela. Tem mesmo que tirar proveito para que a próxima seja menos traumática. Sim, próxima. Isso mesmo que você acabou de ler. Virão uma, duas, dez, talvez cem. Talvez menos doloridas, ou mais. Vai depender de quantos giros a sua roda girar. Até a vez em que ela parar. Aí, não tem o que fazer.
(Karen Curi)
〰 trechos da crônica: A vida é mesmo uma roda gigante 〰