22/05/2023
A longevidade ou mesmo o desejo de ser imortal são questões recorrentes na história. Se por um lado continua sendo uma tarefa da ficção; por outro, a possibilidade de estender a vida humana com qualidade por muitos anos é um campo importante na ciência atual.
E as pesquisas mais recentes têm chegado a uma conclusão interessante: os fatores genéticos, de fato, são importantes, como se pensava, mas não são os mais determinantes para a longevidade. Segundo um estudo do Departamento de Saúde Pública da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, no Estado de São Paulo, o tempo de vida é determinado em apenas 25% pelo DNA.
De acordo com pesquisadores brasileiros, foi possível verificar que os descendentes de pessoas centenárias apresentavam riscos menores de infarto, hipertensão e diabetes, doenças intimamente vinculadas à idade. Esses indivíduos envelheciam mais lentamente, e as doenças, quando presentes, costumavam ocorrer em idade bem mais avançada do que a da média da população. No entanto, é difícil precisar com exatidão a importância das dimensões genética, ambiental e social, uma vez que é um fenômeno complexo.
O pesquisador Miguel Pita, da Universidade Autônoma de Madrid, chegou a uma conclusão semelhante. Para ele, o peso do DNA na longevidade é de 15% a 30% e só passa a ser realmente determinante a partir da oitava ou nona décadas de vida. Antes disso, hábitos saudáveis — uma boa dieta, beber pouco, fumar pouco e se exercitar com frequência — são os responsáveis por garantir muitas festas de aniversário, independentemente da carga genética.
O foco para a compreensão da longevidade, portanto, tem recaído com mais intensidade sobre os aspectos ligados à qualidade de vida, assim como a discussão passa por envelhecer com o máximo de qualidade física e mental. Como explica Ana Tereza Dias Vasques, mestre em Ciências do Comportamento pela Universidade de Brasília (UnB), é importante recuperar a ideia de que devemos acrescentar vida aos anos, e não apenas o contrário, e de que a qualidade de vida é um campo que atravessa os eixos educacional, político e econômico.