06/01/2018
Contos Infantis no Contexto Escolar
Para uma história prender a atenção de uma criança, esta deve fazer uma relação com “todos os aspectos da personalidade da criança” (RESSURREIÇÃO, 2007: 3). Isso deve ser feito sem menosprezá-la. Os conflitos são sempre por intenção maldosa contra uma pessoa de bem e só é resolvido pelo encantamento. A bruxa (ou o mal) persegue o herói, aumentando o conflito até o final, onde o bem triunfa e o mal é castigado. A morte da bruxa (do mal) tem que ser total e absoluta. A criança tem que interpretar a morte como algo definitivo (ou senão a bruxa pode reaparecer). Então, a história termina com um final feliz (RESSURREIÇÂO, 2007; RADINO, 2003).
O que muitos autores criticam é o fato de ainda hoje, pais e educadores (guiados pelo pensar), exigirem da criança explicações racionais para tudo que elas fazem. Acreditam que a atividade artística, quando desprovida da intelectual, forma pessoas incapazes de lidar com a vida cotidiana. (PAVONI, 1989; RESSURREIÇÃO, 2007).
Muitos adultos acreditam que os contos de fadas seja prejudicial à criança, justamente por seu caráter irreal, e tentam de alguma maneira censurá-los ou torná-los mais realistas. A fantasia acaba sendo considerada como um elemento “que dificulta o acesso à realidade e [é] taxada de mentira” (RADINO, 2003 p.116).
Ao fazer isso, esses pais e/ou professores estarão impedindo a criança de lidar com seu próprio medo e agressividade. Segundo Radino (2003), “o que traumatiza as crianças não é o contato com os elementos escabrosos, mas o significado e a relevância que os adultos lhe dão” (p.196). As crianças só temerão imagens assustadoras, quando os adultos insistirem no seu caráter assustador (GRIMM, 1999; apud. RADINO, 2003).
“(...) ao censurar os contos de fadas, muitos pais e professores não estarão protegendo a criança de vivenciar situações que estes apresentam como o medo, a sexualidade, a inveja, o ódio, entre outros. Esses sentimentos já estão presentes na criança, de forma fantasiada, desde muito cedo. A ideia de que o contato com tanta fantasia desorganiza, ao contrário do que se imagina, pode servir como fonte de elementos simbólicos para a própria organização mental” (p.135).
E não devemos esquecer-nos da importância de a criança se projetar na história e no personagem, de imaginar os personagens, a paisagem. “Quanto mais elementos realísticos a história tiver, menos a possibilidade da criança se projetar nela” (BETTELHEIM, 1980; ALVES COSTA, 1991; apud. RADINO, 2003: p.182)