03/11/2025
Crescer dentro das convenções sociais ensina que aniversário é festa, é agito, é mesa cheia e sorrisos largos — mesmo quando o corpo pede silêncio. Mesmo quando o coração só queria um dia tranquilo, um café quente e a presença de quem realmente importa.
Para muitas pessoas neurodivergentes, o aniversário nunca foi sobre alegria, mas sobre desempenhar. Sobre atender expectativas alheias — sorrir, receber abraços, aceitar surpresas, estar disponível. E quando se é constantemente forçado a celebrar de um jeito que não faz sentido, o dia que deveria ser leve se torna um lembrete de desconexão.
Com o tempo, o aniversário perde o brilho. Vira só mais um dia — ou pior, um dia a ser evitado. Porque ele carrega a memória de ter sido invadido, cobrado, exposto.
Mas talvez crescer também signifique permitir-se ressignificar. Entender que celebrar não precisa seguir roteiro. Que há beleza em marcar o próprio tempo à sua maneira: com silêncio, aconchego, um ritual sensorial, um gesto de autocuidado.
O aniversário pode voltar a ter significado quando ele deixa de ser uma performance e volta a ser um espaço de verdade. Quando, enfim, é possível existir nele — do jeito que se é.
Você gosta do dia do seu aniversário?