01/12/2025
Cansaço, estresse e desânimo: quando os sinais pedem atenção à saúde mental
A saúde mental, um tema que por muito tempo ficou relegado a segundo plano, já há alguns anos está no centro do debate público. A psicóloga Caroline Colucci, com uma década de experiência no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) de Frutal, analisa essa mudança de paradigma, mas a necessidade de ainda se romper com alguns estigmas quando o assunto é saúde mental.
Caroline atribui parte dessa maior visibilidade ao tema as redes sociais. “Elas democratizaram o acesso à informação e criaram um espaço para o debate. Finalmente, o assunto está recebendo a relevância que sempre mereceu”, destaca.
Em sua atuação diária no CAPS, ela atende casos graves e persistentes. Contudo, nota um crescimento significativo nas queixas associadas ao estilo de vida contemporâneo. “Vemos muitas questões ligadas ao estresse, cansaço extremo, esgotamento profissional e alterações significativas de humor”, relata.
A psicóloga destaca sinais importantes que podem indicar a necessidade de atenção, como desânimo profundo, cansaço que não cessa com o repouso, perda do prazer em atividades habituais e sentimentos constantes de tristeza, vazio ou desesperança.
Apesar de ser uma ferramenta valiosa para a informação, Caroline faz uma ressalva crucial sobre o mundo digital. “A internet também traz um risco: a tentativa de automedicação ou autodiagnóstico. Cada história é única e exige a escuta especializada de um profissional”, alerta.
Sobre o tratamento, a especialista defende uma abordagem integrada. “O tratamento eficaz geralmente é uma combinação. Envolve buscar a psicoterapia para elaborar os sentimentos e, quando indicado, o acompanhamento psiquiátrico para um tratamento medicamentoso”, explica.
Caroline comemora os avanços ocorridos no país nos últimos anos. “Hoje, percebo que o tema está sendo desmistificado. As pessoas estão buscando mais ajuda e priorizando o autocuidado”.
Apesar do avanço, o preconceito, por vezes, ainda persiste como obstáculo na busca por ajuda especializada. “Ainda há quem associe procurar ajuda a fraqueza ou a loucura. Isso é um grande equívoco. Reconhecer a necessidade de apoio é, na verdade, um ato de grande coragem e responsabilidade consigo mesmo”, conclui.
A mensagem é clara: cuidar da saúde mental é uma necessidade. O primeiro e mais corajoso passo é dar voz ao sofrimento e buscar acolhimento de um profissional qualificado.