18/12/2020
Família: me dar bem ou não? Eis questão!
Quando o assunto é relação parental e convívio familiar, percebo uma complexidade e tabus por trás dessa questão que, muitas vezes, levam pessoas ao completo desequilíbrio psíquico, emocional e estrutural.
Se hoje eu fosse lançar uma pesquisa para saber, quantas pessoas tiveram ou têm problemas relacionados à parentalidade e ao convívio familiar, com certeza mais da metade dos entrevistados diriam que SIM!
Na nossa cultura, nós criamos a ideia de que, para se ter uma vida feliz e saudável, nós devemos ter um convívio familiar, uma reunião cotidiana, ao ponto de nos sentirmos na obrigação de dividir com nossos pais, irmãos ou filhos cada detalhe das nossas próprias vidas pessoais.
Mas será que paramos para pensar no que acarreta essa condição de partilha entre parentes? Óbvio que em certas situações nós conseguimos um aconchego, um colo, um conselho salutar. Mas não é sempre assim! Porque cada ser humano enxerga o mundo a sua maneira, tendo opiniões, sentimentos e ações completamente diferentes. E as relações parentais não fogem a essa máxima só pelo fato de sermos ligados uns aos outros consanguineamente. Não necessariamente o que pai/mãe acredita ser bom para o seu filho, de fato é! Devemos observar aquele indivíduo como sujeito participante ativo da sua própria vida, caso contrário nos sentimos obrigados a nos submeter às escolhas alheias.
A grande maioria das causas e permanência do adoecimento psíquico das pessoas está ligada diretamente a essa convivência familiar e ao meio. O que não observamos é que o sujeito adoecido precisa assumir a responsabilidade da escolha de se sujeitar a essa situação doentia e arcar com as consequências geradas por elas.
Eu, enquanto psicóloga, acredito que todos nós somos livres para determinarmos por si só o que nos é mais favorável. E, por mais que doa dizer isso, assumir para si que manter uma distância segura dessa relação parental, muitas vezes, é o caminho para a nossa saúde física e mental.
Obs: a distância segura a que me refiro no texto não é sinônimo de abandono parental, mas sim, cuidado e respeito com a nossa própria saúde mental.
Psi Talita Amorim
CRP 01/19901