26/10/2019
“Meu filho anda na ponta dos pés, será que ele é autista?”
“O meu não fala nenhuma palavra isso é um sinal de autismo?”
“Minha filha gosta de enfileirar os brinquedos, isso também é um sinal?”
Essas são perguntas que recebo frequentemente aqui no instagram e não tenho como responder. Também é comum atender famílias que chegam a consulta angustiadas com uma lista de sinais observados em seus filhos que falam a favor de autismo, e outra lista de sinais que falam contra.
Por isso achei importante esclarecer uma questão. Não existe nenhum sinal que ISOLADAMENTE diagnostique ou afaste o transtorno do espectro autista. Que como o nome já diz, é um espectro. Um grupo de pessoas que apresenta em comum as seguintes características: déficits na interação e comunicação social e padrão restrito e repetitivo de interesses, comportamento ou atividades. Agora, o modo e a intensidade que isso vai se manifestar em cada indivíduo são únicos.
Ou seja, assim como todos aqueles sinais acima podem se manifestar em crianças autistas ou não, também podemos encontrar autistas que olham nos olhos, que interagem, que namoram, que brincam, que discursam na ONU.
Por isso é importante olhar sempre a criança como um todo. Respeitar cada uma de suas particularidades sem colocar uma lupa em todas elas. Em alguns casos o diagnóstico é simples, com sinais clássicos, bem evidentes, não deixando dúvidas. Outras vezes os sinais são sutis e permanecem uma incógnita por anos a fio. E a nós cabe entender e respeitar essas diferenças. E nunca esquecer que por trás de qualquer diagnóstico há sempre uma alma humana.
Luciane Baratelli
Neuropediatra