19/08/2021
Hoje escutei algo que me fez viajar para um passado histórico, mas que mobilizou associações bem recente na minha vida.
Quem aí se lembra da máquina de datilografia, ou fez uso desta ferramenta. Ou era do tempo do CD, ou toca fitas.
Esses recursos inauguraram algo em mim sobre a perda.
Perda!? Bem, como apagar uma palavra escrita uma vez que foi datilografado;
Quando o cd estava riscado justo na sua música preferida, como reparar! Quando você esperava ansioso para gravar a sua música do momento e o locutor vai e solta a hora certa. Como voltar atrás..
Mas, por que especif**amente a perda.
Essas e outras questões, ainda ontem na minha análise fizeram-me recordar de um presente de aniversário que eu havia ganho dos meus pais e frustada disse a eles que não havia gostado. Minhas questões não me fizeram lembrar qual havia sido a atitude dos meus pais, mas lembro de não ter ganho nada no lugar.
Para além disso, eu me deparo constantemente na clínica e também dentro de casa, com a onipotência das crianças e muitas vezes, com a pouca ou nenhuma frustração. Onde, são tantos presentes ou recompensas diárias que os pequenos e também os grandões recebem que se torna quase que inexistente a inscrição de alguma perda, existe outro no lugar. Ausência da falta que inaugura o desejo, a condição para persistir, para não desistir no primeiro tropeço.
Em lugar o que encontramos é o apertar um botão de desligar e reninciar. Ou nenhum arrependimento da palavra dita, simplesmente pela possibilidade de apagar a mensagem. E tantas outras coisinhas a mais...
Um abraço, Letícia Marcolin Filippi!