04/11/2025
Nem tudo que brilha é fotobiomodulação transcraniana.
Nos últimos meses, têm surgido no mercado diversos “capacetes de luz” anunciados como se fossem capazes de estimular o cérebro, melhorar a cognição e tratar transtornos neurológicos, psiquiátricos e do neurodesenvolvimento. Mas, ao consultar os registros oficiais da ANVISA, é possível constatar que esses aparelhos são, na verdade, registrados para outro fim: tratamento do couro cabeludo, alopécia androgenética e crescimento capilar...
Por exemplo, um capacete comercializado com o nome “Neurollux” está registrado na ANVISA sob nº 80455469002. No registro, o nome do produto é InfraRed, e o próprio documento informa que “o equipamento é indicado para ser aplicado diretamente na região de interesse – O COURO CABELUDO”.
A mesma empresa também comercializa o “Boné Infrallux” (Registro ANVISA nº 80455460002) e o apresenta como um “dispositivo avançado de Fotobiomodulação Transcraniana, desenvolvido para estimular a atividade cerebral e contribuir para o tratamento de condições neurológicas”. No entanto, no registro da ANVISA, o nome real do equipamento é Capellux, com indicação expressa para “tratamento capilar de modo a auxiliar no crescimento e restauração dos fios de cabelo”. Ou seja, longe de alcançar ou influenciar diretamente o cérebro.
Todos esses dispositivos têm uso restrito ao tratamento do couro cabeludo, com LEDs de baixa potência e alcance limitado à superfície, sem evidências científicas que sustentem efeitos sobre estruturas cerebrais... Ainda assim, é possível encontrar postagens de profissionais nas redes sociais utilizando esses mesmos equipamentos e afirmando se tratar de dispositivos para fotobiomodulação transcraniana “aliados da saúde mental”.
Antes de investir em qualquer tecnologia que se propõe a “estimular o cérebro”, consulte o registro na ANVISA, leia o manual técnico do equipamento e verifique se há estudos clínicos revisados por pares que comprovem sua eficácia e segurança para a aplicação prometida.
A tecnologia pode, sim, transformar vidas. Mas isso só acontece quando é utilizada com ética, responsabilidade e baseada em ciência de verdade.