Gutembergue Oliveira

Gutembergue Oliveira Médico paliativista e intensivista, inspiro com histórias da UTI sobre viver plenamente. Viva intensamente; cada momento importa.

Aprendi com a perda dos meus avós que a morte nos lembra de valorizar cada dia. 🥼Trabalho com à morte e te ensino a valorizar a vida. Clique no link e conheça nosso canal👇
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17/12/2025

A rede de amor que cura mais que qualquer remédio. ❤️👨‍👩‍👧‍👦✨

Quando a doença chega, o tratamento mais ef**az muitas vezes não está na farmácia, mas dentro de casa. Cada membro da família se torna um terapeuta especialista em um tipo de cuidado:

* A filha que se torna enfermeira e encontra sua vocação. Estudando junto, aplicando cremes, dando banho. Sua presença meticulosa e seu amor que se transforma em propósito profissional.

* A filha que segura a casa. Assumindo tarefas invisíveis, criando um porto seguro de normalidade enquanto o mundo interno desaba. Sua maturidade silenciosa é um alicerce.

* O marido que é rocha, irmão e companheiro. A segurança inquebrantável que cuida de todos, que não mede esforços. A presença que adota e protege, preenchendo todas as lacunas.

Juntos, eles formam um exército de resiliência.

Choram sozinhos pelos cantos, mas enfrentam um mundo às vezes cruel e inconveniente com uma alegria em cuidar que é a mais pura forma de amor.

Eles não dividem apenas os momentos bons, mas partilham todas as dores, transformando a casa no verdadeiro santuário da cura.

Essa é a verdadeira medicina: a que se pratica com as mãos do amor e se dose com o coração da família.

16/12/2025

Cuidados paliativos não são sobre morrer mais cedo. São sobre viver melhor – e muitas vezes, por mais tempo. 📊🩺✨

A evidência científ**a é clara e não deixa margem para "achismo". Dois estudos clássicos revelam o poder dos cuidados paliativos precoces:

1. Sofrimento drasticamente reduzido: Em todos os subtipos de câncer de pulmão analisados, o grupo com cuidados paliativos teve uma incidência muito menor de sintomas descontrolados como dor, falta de ar e náusea.
2. Sobrevida aumentada: O gráfico não mente: os pacientes que receberam cuidados paliativos viveram mais (cerca de 38 meses vs. 34/35 meses) e a curva de sobrevida foi consistentemente superior. Ou seja, morreram menos ao longo do tempo do que o grupo com tratamento apenas tradicional.

Como é possível que um cuidado focado no conforto, e não na cura, prolongue a vida?

A resposta está no princípio do "primum non nocere" (primeiro, não faça mal).
Quando uma doença está em fase avançada, intervenções agressivas (a "obstinação terapêutica") têm um risco que supera o benefício.
Elas geram ações iatrogênicas – complicações causadas pelo próprio tratamento – que podem debilitar o paciente e, paradoxalmente, abreviar sua vida.

Os cuidados paliativos, ao priorizar o controle de sintomas e evitar danos, criam um ambiente onde o corpo pode seguir seu curso com mais dignidade e menos agressões.

O resultado é uma vida não apenas com mais qualidade, mas também com mais quantidade.

A grande revolução não é aceitar a morte, mas entender que o caminho para uma vida plena até o fim passa, muitas vezes, por parar de fazer o que está causando mais mal do que bem.

A distanásia começa quando o medo da perda supera o respeito pela dignidade. 😨⚖️⚰️Há um momento em que a medicina, movid...
14/12/2025

A distanásia começa quando o medo da perda supera o respeito pela dignidade. 😨⚖️⚰️

Há um momento em que a medicina, movida pelo desespero de familiares e pela própria cultura de "lutar até o fim", ultrapassa a fronteira do cuidado e adentra o território da tortura.

Esse momento se chama distanásia: o prolongamento artificial e fútil do sofrimento.

Sua raiz não é maligna, mas humana: é o medo.
O medo da saudade, do vazio, da morte.
Esse medo, quando não confrontado, fala mais alto que o respeito pela pessoa que sofre.

Preferimos ver um ente querido conectado a tubos, inconsciente e agonizante, a enfrentar a dor de sua partida.

A dignidade de uma vida não está em sua duração, mas em sua integridade até o último suspiro.
Permitir uma morte serena não é abandonar o combate; é honrar a batalha que já foi travada e entender que a verdadeira derrota não é a morte, mas o sofrimento desnecessário.

O maior ato de amor pode ser justamente o de desligar as máquinas que mantêm um corpo, para que a alma que o habita possa, enfim, descansar.

13/12/2025

O erro que custa uma vida não é de uma pessoa - é de um sistema. ⚖️💔🏥

Um exame perdido causa estresse. Um erro de medicação tira uma vida e destrói uma família para sempre.

Enquanto a mídia busca um rosto para culpar – a técnica, a médica –, a verdade é mais complexa: a falha está nos processos.

A história contrastante é reveladora: uma mãe agradece ao médico não por um milagre, mas por ele assumir um erro simples, comunicar-se com respeito e agir para resolver.

"Parabéns pro seu pai e pra sua mãe". Ela celebra não a perfeição, mas a humanidade e a responsabilidade.

Já no caso trágico, a ausência de processos claros, de checagens, de uma cultura que previna falhas, teve um preço irreparável.

A reflexão que f**a é angustiante: será que nossa segurança depende apenas da sorte de termos profissionais "com criação" no plantão?

Ou precisamos construir sistemas tão robustos que protejam os pacientes mesmo quando o cansaço, o stress ou o erro humano inevitável acontecer?

Honrar uma vida perdida não é apenas buscar justiça.

É ter a coragem de redesenhar todo o sistema para que a tragédia nunca se repita.

Existir não é o mesmo que viver. Insistir nisso é tortura. 💔⚖️Há um abismo entre um corpo que funciona e uma vida que fl...
12/12/2025

Existir não é o mesmo que viver. Insistir nisso é tortura. 💔⚖️

Há um abismo entre um corpo que funciona e uma vida que flui.
A medicina moderna, em sua nobre missão de preservar a existência, às vezes confunde os dois.

Mantém o coração batendo, os pulmões inflando, mas esquece de perguntar: "Há ainda um alguém habitando esse corpo?”.

Insistir na mera existência quando a vida já se esvaiu é um ato de violência disfarçado de cuidado.
É prolongar uma agonia, adiar um luto, e roubar a dignidade do último ato humano.

A verdadeira compaixão reconhece quando a batalha mudou: não se trata mais de vencer a morte, mas de garantir que a vida, até o fim, seja vivida com signif**ado e conforto.

Será que o maior respeito que podemos ter por uma história de vida é aceitar o momento de seu legítimo final?

O egoísmo disfarçado de amor prolonga agonias que não são suas. 💔🎭Há uma dor que não é a nossa, mas que nos atrevemos a ...
10/12/2025

O egoísmo disfarçado de amor prolonga agonias que não são suas. 💔🎭

Há uma dor que não é a nossa, mas que nos atrevemos a administrar.

Seguramos a mão de quem já não sente o toque, insistimos em batalhas já perdidas, confundimos nosso medo da saudade com a suposta vontade de lutar do outro.

Chamamos de "devoção" o que é, no fundo, puro pavor da solidão.
Vestimos nosso desespero com a capa do amor, e assim justif**amos a tortura de um corpo que já cumpriu sua jornada.

O verdadeiro amor não impõe sua própria dor como condição para a existência alheia.

O cuidado paliativo é a coragem de desmascarar esse egoísmo.

É a honestidade de trocar o "não quero que você vá" pelo "está tudo bem, você pode descansar".

É entender que, às vezes, a maior prova de amor é o silêncio que permite a partida.

Será que o amor mais profundo é aquele que prefere a própria saudade à agonia alheia?

08/12/2025

Cuidar também é respeitar o "não". 🤝🛑

A medicina se depara com um paradoxo angustiante: o dever de cuidar e o direito do paciente de recusar esse cuidado.

"Eu tenho que cuidar, mas não sou obrigado a cuidar de quem não quer ser cuidado."

É uma dor profissional profunda, especialmente para quem entrou na profissão com o ímpeto de salvar o mundo.
Os cuidados paliativos são holísticos – envolvem o físico, psicológico, social e espiritual. E seu primeiro princípio é a autonomia.

Um paciente lúcido e bem informado tem o direito de dizer "chega", mesmo que essa escolha acelere sua morte. O papel do médico então muda: de lutar contra a morte a qualquer custo, para garantir uma morte com conforto e dignidade.

Os outros pilares da bioética – beneficência (fazer o bem), não maleficência (não causar mal) e justiça (tratar a todos igualmente) – entram em jogo.

Muitas vezes, quando não se pode mais fazer o bem, a única ação ética é não fazer mal. E insistir em um tratamento invasivo, quando o risco supera o benefício, é causar mal.

A medicina mais sábia não é a que mais faz, mas a que melhor julga quando parar.

A vida a qualquer custo pode ser o preço mais alto a se pagar. 💔⚖️Insistir em prolongar a existência biológica quando a ...
08/12/2025

A vida a qualquer custo pode ser o preço mais alto a se pagar. 💔⚖️

Insistir em prolongar a existência biológica quando a qualidade de vida se esvaiu não é um ato de amor – é uma condenação.

O custo não é apenas financeiro; é emocional, espiritual e humano.
É a tortura do sofrimento prolongado, a agonia estendida, a dignidade perdida em troca de mais alguns dias ou semanas de pura existência.

A medicina que salva vidas é nobre.

Mas a que confunde "manter funções vitais" com "garantir uma vida com signif**ado" pode cometer uma das maiores violências: transformar o fim da jornada em um pesadelo interminável.

Será que a verdadeira coragem está em saber quando o maior cuidado é permitir a despedida serena?

Amar é saber soltar quando o custo de f**ar é a dor alheia. 🕊️❤️‍🩹O instinto nos prega uma armadilha: acreditar que segu...
06/12/2025

Amar é saber soltar quando o custo de f**ar é a dor alheia. 🕊️❤️‍🩹

O instinto nos prega uma armadilha: acreditar que segurar é sempre um ato de amor.
Mas o amor mais sábio e corajoso conhece o momento exato em que apertar a mão signif**a prender, e soltá-la é a última forma de cuidado.

Quando o corpo se torna um campo de batalha, quando cada respiro é conquistado com sofrimento, insistir na permanência não é mais proteção – é prolongamento de uma agonia.

O amor que liberta entende que a dignidade da vida está em sua qualidade, não em sua duração.
É um amor que coloca o alívio do outro acima do próprio medo da saudade.

Essa não é uma desistência.
É a entrega final: trocar a presença física pela paz eterna, e a luta impossível pela serenidade do último adeus.

O amor que solta não é um amor menor. É um amor que consegue enxergar além da própria dor.

04/12/2025

A fé que transforma o medo em missão. 💪✨

Enquanto muitos se revoltam com o "Por que eu?", outros encontram no diagnóstico uma resposta diferente: "Para quê?".

A metástase, palavra que carrega desespero, não apagou a fé – foi o combustível para uma nova forma de crer.

O medo inicial deu lugar a uma busca por conhecimento, e o conhecimento, a uma convicção profunda.
A queda do cabelo, a quimioterapia, deixaram de ser símbolos de fraqueza para se tornarem emblemas de uma batalha compartilhada.

A fé aqui não é uma negação da realidade, mas uma reinterpretação dela: este sofrimento não é um castigo, mas uma plataforma.

Uma plataforma para quê? Para levar esperança.

Para testemunhar que, mesmo diante da finitude terrena, há uma eternidade que a transcende.
A doença, então, deixa de ser apenas um mal a ser combatido e se torna uma forma de se conectar com Deus e de estender essa conexão aos outros.

Às vezes, o propósito mais sagrado nasce justamente no solo mais árido.

O medo da solidão fala mais alto que o grito silencioso de quem sofre. 😔🗣️🔇É uma das dinâmicas mais cruéis que testemunh...
04/12/2025

O medo da solidão fala mais alto que o grito silencioso de quem sofre. 😔🗣️🔇

É uma das dinâmicas mais cruéis que testemunhamos no fim da vida.

O nosso pavor do vazio, da saudade, do silêncio que se instalará depois da partida, nos ensurdece.
Ficamos tão ocupados em nos preparar para a nossa própria dor, que nos tornamos surdos para o sofrimento mudo de quem amamos.

Preferimos o barulho angustiante das máquinas na UTI ao silêncio que ecoará em nossa casa.
Seguramos a mão que quer partir, não por cuidar dela, mas por temer a solidão que ela deixará para trás.

É um ato de egoísmo disfarçado de amor, onde o nosso medo se torna a sentença de agonia prolongada para o outro.

O amor verdadeiro é aquele que, vencendo o próprio temor, se inclina para escutar o sussurro de "chega" nos olhos cansados. É a coragem de trocar a própria solidão pela paz alheia.

Será que a maior prova de amor é justamente a que nos custa o conforto da presença, em nome do alívio de quem parte?

01/12/2025

Cuidados paliativos não são uma opinião - são uma evidência. 📊🩺✅

Assim como não questionamos a aspirina no infarto porque sabemos que salva vidas, não podemos tratar os cuidados paliativos como uma preferência pessoal.

A medicina baseada em evidências nos mostra, com dados incontestáveis, que eles:
* Prolongam a sobrevida em alguns casos
* Melhoram drasticamente a qualidade de vida
* Reduzem o sofrimento físico e emocional
* Geram mais satisfação para pacientes e famílias

Estamos falando de ciência, não de achismo.

O médico é um "apostador informado" que usa probabilidades para tomar decisões.
A evidência nos diz que, em determinado estágio da doença, investir em conforto e dignidade é a "aposta" com o melhor retorno em bem-estar.

Portanto, a pergunta deixa de ser "Você acredita em cuidados paliativos?" para se tornar "Como aplicar as melhores evidências para o conforto deste paciente?"

A verdadeira humanização na medicina começa quando abraçamos o que a ciência nos mostra sobre como cuidar melhor – até o fim.

Endereço

Goiânia, GO

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