25/08/2025
Às vezes, a gente vai sem conseguir arrumar as malas
Era uma quinta-feira comum. Ele conhecia bem o caminho; a rodovia já lhe era familiar. Poderia estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra coisa, mas estava a serviço, cumprindo sua jornada de trabalho. E foi nesse percurso, aparentemente tão rotineiro, que um acidente interrompeu a viagem. Uma chegada que nunca aconteceu, um reencontro que não se concretizou. Ele não pôde ser recebido por seus familiares e amigos.
A notícia de que meu irmão Fabrício se foi chegou numa tarde, entre um atendimento e outro, como um trovão em céu claro, inesperado e avassalador. Mas a tempestade não desabou. Ficamos só com o presságio de algo que mudou para sempre: o ritmo dos dias, o rumo da vida, o tom da existência. É um vazio que pesa, assusta, aperta o peito. Uma saudade que traz a vontade de se recolher num canto de paz, onde a alma possa descansar e se sentir segura.
Como disse minha professora e grande amiga, em uma mensagem que recebi ontem pelo WhatsApp:
“Apesar de sabermos que a vida é finita, nunca estamos prontos para nos afastar definitivamente de quem amamos. Por isso, a dor da perda é tão intensa”
Fabrício sempre foi sinônimo de força e resiliência. Destemido, corajoso, sensível e, às vezes, de poucas palavras, mas sempre com o olhar voltado para a solução. Ele acreditou em mim quando decidi mudar para Goiânia para cursar Psicologia; comprou minha passagem e, com simplicidade e fé, disse: “Vai dar certo.”
No culto fúnebre, em meio ao processo de equilibrar as emoções fui tocado pela frase do pastor José Carlos (Às vezes, a gente vai sem conseguir arrumar as malas). Uma frase simples e profunda, que nos convida a viver com intenção, afeto e fé. E como disse o pastor Hernandes Dias Lopes: “A morte não tem a palavra final; em Cristo, a separação é apenas temporária.” É nessa promessa que encontramos força e co***lo, aguardando o dia em que a saudade dará lugar ao reencontro.
Continuação nos comentários…