10/09/2022
A hipermedicalização na infância, ou seja, o uso excessivo de medicações no início da vida, tem se tornado cada vez mais frequente. Para todos os “problemas”, procura-se uma receita milagrosa. De naturais a “pesados”, estamos buscando que gotas, xaropes e cápsulas resolvam todos os problemas dos pequenos.
A procura vai desde remédio para cólicas, para disquesia, para alterações do sono, remédios para coriza, para tosse, para choro excessivo, para acalmar a criança, para aumentar a concentração, para aumentar a imunidade, para aumentar o apetite, vitaminas para ficar “fortinho”…
Precisamos discutir até onde essa busca incessante por medicar, “a qualquer custo”, vai ter benefício na infância. Para toda escolha, uma consequência. Para medicamentos, eventos adversos possíveis (todos podem ter!).
“Ahh Stephânia, é um remédio natural!” - Também podemos ter intoxicações no uso de medicamentos naturais. “E os óleos?! Tudo natural!” - Existem indicações e doses específicas.
Tenho visto crianças pequenas usando dezenas de medicamentos com “várias” indicações, sem doenças de base. Crianças usando antibióticos a cada episódio de infecção presumidamente viral. Outras tantas, com inúmeros remédios pra aumentar a imunidade. E sem alimentação saudável. Sem aceitar alimentos de verdade e comendo apenas ultraprocessados. Sem contato algum com a natureza. Sem contato social. Sem padrão de sono adequado… sem nenhum “remédio” para qualidade de vida.
A minha reflexão aqui tem o objetivo de permitirmos mais o desenvolvimento e a infância. Tolerar a tosse e a coriza como evolução natural de uma gripe. Entender que a cólica vai passar depois de alguns minutos, mesmo sem uso de medicamentos ou receitinhas infalíveis. Vamos tentar tolerar mais e medicar menos? Que possamos contar com a nossa rede de apoio e o pediatra assistente para enfrentar esses momentos angustiantes da parentalidade!
💡Aqui não estou falando de condições específicas que exigem tratamento medicamentoso, como uma infecção bacteriana, uma doença crônica, tumores, e outras doenças.
👉🏽 O que acham da hipermedicalização? Vamos usar esse canal para discussão do tema!!
Com carinho,
Dra. Stephânia Laudares.