26/05/2025
Há mortes que não são fim. São nascimento.
Às vezes, a vida nos convoca a atravessar portais que a alma adiou por muito tempo.
E, quando chega esse momento, não há mais volta.
O caminho exige. Atravessa. Rasga. Cura.
E foi exatamente isso que vivi…
Tenho atravessado a morte.
Ontem, morri.
Morri perfurada, no meio de um conflito, dentro de um sonho que não começou agora — nem em Ávila.
Esse caminho começou há muito. Muito antes.
Começou no amor silencioso, inconsciente, profundo e leal aos meus tios — João e Geraldo — que partiram quando eu ainda era muito pequena.
Só agora vejo com clareza:
O que eu carregava não era meu.
Era um campo invisível.
Era um aprisionamento moldado por amor.
Por amor, permaneci invisível.
Por amor, não podia ser vista.
Me lembrei que, para Freud, morrer em um sonho está ligado a desejos reprimidos, pulsões, angústias não elaboradas.
Para Jung, morrer em um sonho é um rito iniciático — morrer para quem eu fui, para renascer em quem eu sou.
Minha morte não foi suave.
Foi definitiva.
Atravessou todos os meus corpos: mental, emocional, físico e espiritual.
Agora entendo…
Nada, absolutamente nada, foi coincidência.
O campo só se revelou.
A dor só se fez visível.
O roteiro só se repetiu até que eu estivesse pronta para atravessar.
Durante muito tempo, me mostrar era, para mim, uma ameaça.
Um risco de vida.
Agora vejo.
Foi como foi.
Assinto.
Honro.
Agradeço.
Me abro ao campo maior de Hellinger, que me escolheu.
E digo: obrigada.
Agora eu vejo.
E permito que me vejam.
Quem tem olhos para ver, me verá — com tudo o que tenho, com tudo o que sou, inteira, viva, presente.