03/11/2025
Em meio à fogueira da incompreensão e do julgamento, as de outrora – muitas vezes mulheres com vozes, desejos e subjetividades que desafiavam as normas de seu tempo – encontravam-se à margem, condenadas. No dia de Finados, enquanto celebramos o que se foi, e no eco do Dia das Bruxas, olhamos para as "histéricas" de nossa própria história.
Essas mulheres, com seus corpos que falavam o que a boca calava, seus sintomas que desafiavam a lógica cartesiana e suas almas que buscavam expressar-se para além das amarras sociais, foram vistas como “loucas”, “perturbadas” ou, em outros tempos, “bruxas”.
Hoje, com os insights da psicanálise, compreendemos que a histeria não era uma fraqueza, mas uma forma de resistência do sujeito, um grito silenciado que ecoava em seu próprio corpo e psique. É uma homenagem à força indomável da psique feminina que, mesmo diante da adversidade, encontra maneiras de se manifestar e buscar sua verdade.
Que possamos sempre lembrar que a loucura muitas vezes é apenas uma outra forma de sanidade, e que a verdadeira sabedoria reside em ouvir o que o inconsciente tenta nos dizer. Que suas histórias, muitas delas trágicas, sirvam de farol para a compreensão e aceitação da complexidade humana.