08/04/2023
Rompendo em fé.
Hebreus 11.1
Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não veem.
É muito fácil esperar por algo que uma pessoa lhe prometeu, quando sabemos da fidelidade desta pessoa, quando conhecemos uma pessoa e sabemos que ela é zelosa no cumprimento de sua palavra, que ela tem um nome a zelar. Desta forma, mesmo não tendo provas será cumprida, ousamos aguardar pelo seu cumprimento. O histórico desta pessoa nos leva a crer.
Mas quando esta pessoa é completamente estranha? Quando não recebemos referencia desta pessoa de alguém em quem confiamos? Quando esta pessoa simplesmente surge diante de nós, e se põe a fazer promessas que, a nosso ver, parecem absurdas? Foi isso que aconteceu a Abrão. Deus lhe apareceu uma noite e disse: “Saia da sua terra, do meio da sua parentela, e da casa do seu pai e vá para a terra que Eu lhe mostrarei”. Não foi assim, um pedido, uma negociação, foi uma ordem. Abrão não sabia que estava lhe falando, mas recebeu dEle uma ordem. E mais, junto com a ordem de ir para uma terra que ele não conhecia, havia também promessas.
A primeira destas promessas, talvez, soaria como loucura para a maioria de nós: Fazer de um só homem, de idade já avançada, uma grande nação. Abrão não tinha filhos, e além do mais sua esposa, Sarai, era estéril. A segunda promessa era sobre o abençoar e engrandecer. Aí surgem indagações: Quem é este que faz estas promessas? Seria Ele poderoso para cumpri-las? A terceira promessa era mais abrangente: Abrão deveria ser uma benção, pois assim, o Senhor abençoaria a quem o abençoasse e amaldiçoaria a quem o amaldiçoasse. Este Deus seria capaz de inclinar o coração das pessoas para que fossem favoráveis a ele? E, por fim, a última promessa: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra”.
Mesmo que a lógica lhe mostrasse que o melhor era permanecer onde estava, Abrão creu naquele que o chamava e fazia as promessas, decidiu partir. Deste momento em diante Abrão começa a viver uma vida repleta de dificuldades, mas também de realizações. Durante toda a sua vida, esta fé que inicialmente demonstrou, quando ouviu uma voz lhe chamando, sem nenhuma garantia, foi provada e aprovada, e grandes coisas fez o Senhor por ele e para ele.
Em meu modo de ver, depois que o homem pecou no paraíso e perdeu o contato direto com Deus, Abrão marcou o reinício de um relacionamento intimo e pessoal de Deus com o homem. Claro que Deus não havia abandonado o homem e, até mesmo, agia por meio de alguns. Mas agora o relacionamento seria permanente. Deus estava iniciando os preparativos para enviar o Messias, seu Filho, Jesus.
Deus confiou em Abrão e o chamou para uma grande obra, formar a partir dela qual viria ao mundo o Messias. Abrão teria que estar à altura, teria que demonstrar com seu viver, com sua perseverança na fé e paciência. Teria que ser forjado de modo que pudesse repassar aos seus descendentes a mesma fé, a mesma persistência e convicção.
Abrão era casado, possuía bens, possuía servos, possuía rebanhos. Simplesmente chegar a seus parentes, amigos, conhecidos e principalmente a sua esposa e dizer que iria abandonar a vida segura e tranquila que vivia e se tornar um nômade era loucura. Mas Abrão teve por mais importante obedecer à voz que o chamava e colocou em jogo a sua reputação diante de todos. Também colocou em jogo a sua segurança econômica, saindo errante pelo caminho que o levaria “para a terra que Eu vou te mostrar”. Era um grande risco. Risco para seus rebanhos, pois andariam por terras desconhecidas sem saber se encontrariam água e pasto. Todos os que estavam com ele também corriam perigo por causa dos salteadores, assassinos, intempéries e a vida insalubre em barracas (tendas).
Abrão achou mais importante crer naquele que o chamava do que f**ar medindo os riscos que envolvia o ser obediente a voz que o chamava: “Saia da sua casa...”
Receber uma promessa e vê-la cumprida num tempo relativamente curto pode até nos parecer fácil. Mas imagine: Alguém te faz um pedido e você se dispõe a satisfazer a sua vontade, em troca, esta pessoa te faz promessas. Você vê o tempo passar: dias, meses e anos sem que estas promessas se cumpram. Nada! Confesso que eu começaria a ter dúvidas, me sentiria desanimado e vacilante. É neste momento que nossa fé tem que gerar a esperança. Abrão chega a um ponto crítico, dúvidas, dúvidas invadem o seu coração. O tempo passava e nada das promessas se cumprirem, sobretudo a de ser pai de uma grande nação. Nem mesmo um filho ele tinha!Sua esposa, Sarai, tem a ideia de resolver o problema a seu modo. Decidem fazer da forma que era costume na região onde eles haviam crescido. Ela faria de sua escrava uma concubina para Abrão. Ela engravidaria e daria a luz ao filho sobre a suas coxas, assim o filho seria tido como sendo dela. E assim fizeram. Mas este não era o plano de Deus. Não era assim que seria. O filho prometido por Deus viria do ventre de Sarai.
Deus renova o pacto com Abrão e muda o seu nome para Abraão. Muda também o nome de Sarai para Sara. Do filho que Abraão teve com Agar, a escrava de Sara, Deus prometeu fazer dele uma grande nação, mas a aliança que Deus havia feito com Abraão, Ele, o Senhor, renovaria com Isaque o filho que Sara lhe daria no próximo ano. Era Abraão da idade de noventa e nove anos. Tomou a seu filho Ismael e todos os homens de sua casa, quer os nascidos, quer os comprados e os circuncidou e ele mesmo foi circuncidado.
Como prometido, passado um ano, Sara teve um filho, o filho da promessa, o filho que seria apenas o primeiro de toda uma nação. Como indicado, foi-lhe dado o nome de Isaque, Abraão vislumbrava o cumprimento da promessa. Depois de ter dado a Abraão o filho prometido, Deus, resolve testar mais uma vez a sua fé e obediência. Deus pede que ele ofereça, em sacrifício, o seu filho, o filho da promessa. A esperança de ser pai de uma grande nação. Deus colocou Abraão em uma situação difícil: Se aquele era o filho da promessa, como Deus o pedia em sacrifício? Abraão, mais uma vez, preferiu obedecer. Deus proverá.
Acho que eu não teria esta força,não teria esta coragem,não teria esta fé. Entregar minha única esperança. Abrir mão da única maneira que tinha de perpetuar meu nome. Abraão realmente foi um homem de muita fé. Foi como se ele abrisse mão de sua própria vida. Arriscou tudo que tinha. Viveu de forma errante, Venceu batalhas. Conheceu perigos. Tudo por que ele ousou ouvir a voz de um Deus que ele não conhecia.
Nós, desde muito pequenos, ouvimos falar de Deus. De suas maravilhas, de suas grandes obras, de seu amor, de seu cuidado para conosco. De como Ele não poupou seu próprio filho para nos salvar. Mesmo assim não ouvimos a sua voz ou fingimos não ouvir. Nos falta sensibilidade. Ele nos fala usando pessoas, a bíblia e o próprio Espírito Santo. Ele nos chama para viver uma vida santa, uma vida para a sua glória, uma vida que reflita o caráter de Cristo.
Toquei em apenas alguns pontos da história de fé de Abraão. Creio que todos conheçam esta história. Tornou-se pai de uma grande nação, seu nome se tornou grande, foi abençoado e abençoador. Através de um de seus descendentes (na carne), Jesus, todas as famílias da terra foram abençoadas.
Agora cabe a nós, cristãos, escrever a nossa própria história de fé. Levar ao mundo o nosso exemplo e a mensagem da cruz. “Abraão creu e isso lhe foi imputado como justiça.” Vivamos de forma que sejamos reconhecidos como justos. Assim, “sendo, pois, justif**ados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus” e viveremos eternamente com Ele.
Alvaro Reis