24/09/2025
Ser mãe já é, por si só, uma entrega sem descanso. Ser mãe de uma criança atípica é viver essa entrega em intensidade dobrada, sem pausas, sem manuais, muitas vezes sem testemunhas. São dias e noites entre terapias, consultas, preocupações financeiras e olhares atravessados. A exaustão não vem da falta de amor, esse transborda. Vem da ausência de braços que ajudem a carregar. O sofrimento dessas mães é, muitas vezes, silencioso. Falta espaço para dizer “estou cansada”, “estou com medo”, “não sei se dou conta” sem ser julgada. A sociedade cobra resiliência infinita, mas esquece de oferecer suporte real. E quando não há rede, não há descanso, não há quem escute, a dor pode se transformar em desespero.
A compaixão, aqui, não é luxo, é urgência. Uma escuta livre de julgamento, uma rede de apoio concreta, uma ajuda prática, financeira e emocional podem ser tão preventivas quanto qualquer intervenção clínica. Prevenir suicídio também é olhar para essas mães e dizer: “Você merece ser vista.” Setembro Amarelo nos lembra que a vida se sustenta não apenas em diagnósticos e tratamentos, mas em vínculos humanos que acolhem. Que possamos abrir espaços para que essas mulheres não precisem carregar sozinhas o peso de um cuidado sem fim.