13/04/2022
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Os resultados do estudo KEN-SHE foram publicados esta semana na revista NEJM Evidence. No estudo, 2.275 mulheres de 15 a 20 anos foram incluídas e acompanhadas de dezembro de 2018 a junho de 2021. Para serem elegíveis, as mulheres precisavam ser sexualmente ativas, ter no máximo cinco parceiros ao longo da vida, ser HIV-negativas e sem histórico de vacinação contra o HPV. A maioria das pacientes (57%) tinha entre 15 e 17 anos e com apenas um parceiro sexual na vida (61%).
As participantes foram então randomizadas em três braços de tratamento: 760 receberam a vacina bivalente contra as cepas de HPV 16/18, 758 receberam uma vacina nonavalente contra as cepas 16/18/31/33/45/52/ 58/6/11 e 757 receberam vacina contra meningite meningocócica. No início do estudo e a cada 6 meses foram coletados swabs cervicais para pesquisa do DNA do HPV.
Após 18 meses de seguimento, a vacina bivalente foi 97,5% eficaz contra o HPV 16/18 e a nonavalente foi 97,5% eficaz contra o HPV 16/18. A vacina nonavalente foi ainda 89% eficaz contra os HPVs 16/18/31/33/45/52/58. Mesmo as mulheres que haviam testado positivo para uma cepa de HPV, a vacina as protegeu de outras cepas do vírus.
Os autores reconhecem que o estudo tem limitações, incluindo a duração relativamente curta do seguimento (18 meses), uma vez que a durabilidade da eficácia vacinal da dose única ainda precisa ser demonstrada. No entanto, já existem alguns dados observacionais com a dose única contra o HPV que mostram eficácia por até uma década. Seguindo esses resultados, o estudo KEN-SHE vai continuar o seguimento das pacientes para estabelecer estas informações.
No geral, essa descoberta pode ser um divisor de águas para redução na incidência de câncer cervical atribuível ao HPV e posiciona a vacinação de dose única contra o HPV como uma intervenção de saúde pública de alto valor e alto impacto que está ao nosso alcance. Sabendo que apenas 15% das mulheres em todo o mundo são vacinadas contra o HPV, os resultados deste estudo podem ajudar a OMS a atingir sua meta de ter 90% das meninas de 15 anos vacinadas contra o HPV até 2030.