26/11/2025
A medicina moderna é fundamentalmente uma ciência de probabilidades, não de certezas absolutas. Quando um médico apresenta um resultado, ele está traduzindo evidências científicas em chances estatísticas - e essa comunicação pode influenciar profundamente nossas emoções e decisões. Um fenômeno psicológico interessante ocorre: se dizemos "você tem 1 chance em 1000 de ter um problema", a mente tende a fixar-se no "1" (a possibilidade do problema), ignorando as "999 chances" de tudo correr bem. Esta é a mesma informação, mas apresentada de forma diferente, gerando percepções e ansiedades completamente distintas. Porcentagens altas (10%, 20%) são facilmente compreendidas, mas quando os números ficam muito pequenos (0,1%, 0,001%), perdemos a dimensão real do risco, e aí começamos a usar frações - formato muito comum em medicina fetal, onde lidamos com condições raras.
As frações como "1 em 1000" ou "1 em 20000" geram confusão adicional: muitas pessoas não percebem que quanto maior o denominador (o número de baixo), menor é o risco real. Um risco de 1 em 20000 é muito menor que 1 em 1000 - significa que aquela condição é 20 vezes mais rara. Esta linguagem matemática, embora precisa, pode aumentar a ansiedade quando não é bem compreendida. Compreender como funcionam esses números não é apenas uma questão matemática - é uma ferramenta poderosa para reduzir ansiedade desnecessária e aumentar a confiança nas decisões médicas. Quando entendemos que "1 em 1000" significa 99,9% de chance de não ter o problema, conseguimos dimensionar adequadamente os riscos e focar nas probabilidades favoráveis, mantendo equilíbrio emocional durante a gestação.
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