11/06/2021
Quinze meses desde a primeira internação de um paciente infectado pelo covid 19 em nosso hospital e ainda me pergunto: O que haverá de “novo” no front dessa batalha...?
Não tenho dúvidas de que essa pandemia dará uma trégua em alguns meses, exclusivamente com o avançar da imunização, mas gostaria de compartilhar a minha pequena experiência de médico assistente atuando durante esse momento histórico.
Estou tendo a oportunidade de presenciar os efeitos devastadores da fragilidade psíquica das pessoas frente ao sofrimento, a culpa e a morte e gostaria de trazer uma pequena reflexão.
Há anos venho me dedicando a compreender melhor a relação entre corpo e alma a partir de algumas referências nas áreas da Filosofia, Teologia e Psicologia.
Partindo do pressuposto de que o ser humano é um ser multidimensional – biopsicossocial e espiritual, percebo que o vazio existencial e a ausência de sentido em Ser-no-mundo, é atualmente o maior responsável pela nossa neurose.
A psiconeuroimunologia é uma área da neurociência que se dedica há décadas a compreender os fenômenos da resposta imunológica - imunodeficiência ou imunocompetência, a partir de nossas experiências vividas e principalmente como nos posicionamos a partir delas – nossas escolhas, portanto nossa liberdade de vontade.
Tenho percebido junto com meus colegas da equipe hospitalar que pessoas pessimistas e amedrontadas durante o percurso dessa doença, desde o diagnóstico até sua internação no hospital, em sua grande maioria tendem a evoluir pior! Pioram imunologicamente!
Por outro lado, muitos que chegam apesar de preocupados, se demonstram positivos no enfrentamento, mantendo sua lucidez e principalmente, sua esperança e sua espiritualidade alinhadas no processo de cura. Esses normalmente tem evoluído melhor imunologicamente.
A tecnologia tem nos ajudado como nunca, vacinas extraordinariamente confeccionadas em tempo recorde, evolução da terapia intensiva e na ventilação mecânica, medicamentos imunobiológicos dentre tantas maravilhas da biotecnologia, mas gostaria de dizer também que nossos pensamentos são muito poderosos em determinar nossa resposta imunológica.
Indico dois autores para compreenderem um pouco mais do que relatei:
- A biologia da crença - Bruce Lipton, biólogo norte-americano que valoriza a epigenética e como o ambiente influencia nossas células
- Em busca de sentido – Viktor Frankl, neurologista e psicanalista austríaco criador da terceira linha de psicanálise de Viena – Logoterapia e Análise existencial.