03/09/2017
Referência médica mundial, ex presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, indicada pela Organização Mundial de Gastroenterologia à coordenadora brasileira do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal. Fundadora e presidente da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino. Primeira mulher a tornar-se membro honorário da centenária sociedade científica American Surgical Association. Vencedora do Prêmio Mulheres Mais Influentes Forbes do Brasil, em 2006, primeiro médico latino-americano e primeira mulher a integrar o seleto grupo dos 17 membros honorários da European Surgical Association, em 2006. Formada em Medicina pela USP e atual professora da instituição, Angelita Habr-Gama revoluciona não apenas pelo seu currículo, mas também pela sua coragem e pioneirismo feminino. Estudante e médica em uma época em que mulheres eram menosprezadas e vistas como incapazes de realizar a boa prática da medicina (década de 50), Angelita não apenas revoga tal crença, como também revoluciona em uma área de ainda mais difícil acesso para mulheres: a cirurgia. Falando sobre suas conquistas e quebras de tabus, ela mesma afirma que fazer as coisas pela metade não faz parte do seu temperamento. “Este é o meu conceito: põe tudo de ti numa coisa bem pequenininha” e assim, Angelita, desde pequena, foi lutando a cada dia, enfrentando a cada momento um novo desafio. Sempre lembrando de quem é, lembrando de sua crença, da sua própria “verdade” e vencendo batalha por batalha. Bom, a sua história ainda não acabou, mas já é possível ver como valeu a pena toda a sua dedicação e cada segundo de esforço para “não fazer as coisas pela metade”. Não fazer pela metade pode também, significar o exemplo que Habr-Gama é para todos nós, não apenas mulheres, não apenas médicos, mas para todos nós como seres humanos. Sua humildade ainda cultivada e o não esquecimento de suas origens foram aliados importantíssimos para o alcance de sua atual posição de destaque intelectual. Então, quem somos nós, meros mortais, para nos julgarmos superiores a alguém, seja quem for, na posição que estiver, no local que estiver? Não devemos fazer as coisas pela metade, devemos ser inteiros e o inteiro é o todo. É o interno e o externo; o pensamento e a ação; é a pessoa, o estudante, o médico. É aquilo que não é feito pela metade, é aquele conceito de Angelita, um conceito baseado em Fernando Pessoa como Ricardo Reis, é aquele conceito simples, mas profundo, aquele que deve ser levado para a vida inteira, não para pedaços dela, é aquele conceito que diz: “Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim, em cada lago a lua toda brilha, porque alta vive”. Então sejamos todo, sejamos luz, sejamos vida, sejamos humanos em cada coisa e brilhemos em cada lago porque inteiros vivemos.