01/10/2025
Essa foi uma das perguntas que mais me inquietou por boa parte da infância. Quando, ainda menina, me dei conta dessa terrível descoberta. A existência da finitude da vida. Como assim? Todo mundo um dia vai acabar? Inclusive eu? Então pra que a gente nasce? E depois, o que acontece? Pra onde vamos quando a vida acaba?
As perguntas que buscavam por explicações que pudessem dar sentido àquilo que parecia não ter sentido (a vida), foram infindáveis.
Lembro até hoje do quanto essas questões me angustiaram por certo período da infância. Acredito que com o passar do tempo, essas angústias (ao menos aparentemente) adormeceram. Mas de tempos em tempos, quando a ameaça da finitude bate à porta, as angústias reaparecem. Acredito que seja algo pertencente à condição humana. Algo inseparável da experiência de estar vivo.
Lidar com o que acaba, finda, termina, o que era e não é mais... Seja lá quais palavras possa usar pra isso, é exercício inacabável a ser elaborado por toda vida. Só pode acabar o que um dia começou, floriu, frutificou, deu sentido, teve investimento de vida, enfim. É o acontecimento mágico da existência da vida, mas que um dia acaba. E poder estar vivo enquanto ela acontecer é o mais importante, conquista que talvez poucos alcancem.
Por isso, essa coisa, que às vezes não encontramos nome, que me remete a nó na garganta e aperto no peito, que na psicanálise chamam de angústia de separação, trata-se de algo inevitável, faz parte do viver e do estar vivo. E esse, talvez seja preço inevitável que pagamos ao g***r o que é bom.
Mas e a pergunta: O que fazemos quando alguém acaba? Não sei se encontrei a resposta, talvez nunca encontre uma exata, mas tenho descoberto que a gente pode fazer algo com isso, tentar escrever um texto como esse, por exemplo, ou criar de inúmeras formas.
Talvez esses sejam recursos possíveis para dar conta dessa não resposta. Ou talvez, uma resposta possível, seja que, na verdade, alguém nunca acaba. Que com o tempo esse alguém f**a pra sempre dentro de nós, nas lembranças, nos trejeitos, nos detalhes. Até que um dia, nós também acabamos vivos dentro de alguém. E isso é não acabar nunca. É ser infinito dentro de vários infinitos 🖤