Hegle Dias - Psicologia e Neuropsicologia

Hegle Dias - Psicologia e Neuropsicologia Gente que cuida de Gente. Acompanha o caminho. Psicoterapeuta. Gestalt-Terapeuta. Arteterapeuta. O QUE FAZ O NEUROPSICÓLOGO? O QUE É AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?

Especialista em Psicologia Clínica Neuropsicologia e Reabilitação Neuropsicológica. O QUE É PSICOTERAPIA?
É um espaço que permite a pessoa (interessada, ou que foi encaminhada) encontrar e conhecer aspectos próprios ou vivenciados em situações diversas, que possam estar lhe trazendo sofrimento emocional, dificuldades de relacionamento, profissionais ou sociais. Muitas vezes é considerada como método de tratamento, isoladamente, ou em parceria com um tratamento médico. O QUE É NEUROPSICOLOGIA?
É uma área da psicologia e das neurociências que estuda as relações entre o sistema nervoso central, o funcionamento cognitivo e o comportamento. Suas principais atuações abrangem o diagnóstico complementar e intervenções clínicas voltadas para os diversos quadros patológicos decorrentes de alterações do Sistema Nervoso Central, bem como pesquisa experimental e clínica na presença ou não de afecções. (MIOTTO: 2012)
No contexto clinico, realiza Avaliação Neuropsicológica a fim de auxiliar no diagnóstico diferencial de quadros neurológicos e transtornos psiquiátricos e, planeja programas de Reabilitação Neuropsicológica, voltados para as alterações cognitivas, comportamentais e de vida diária dos pacientes. Consiste em um processo que busca examinar e analisar as funções cognitivas tais como, atenção, memória, pensamento, linguagem, funções executivas e outros, indicando que funções estão preservadas ou comprometidas. Investiga as alterações de humor, alterações comportamentais e o impacto destas, na vida diária, ocupacional, social e pessoal das pessoas. QUEM PRECISA FAZER ESSE TIPO DE AVALIAÇÃO? A avaliação é indicada para investigar o grau de alterações cognitivas e comportamentais. Além disso, monitora a evolução de quadros neurológicos e psiquiátricos, durante tratamentos clínicos medicamentosos ou cirúrgicos. Geralmente ela é indicada por médicos de diversas especialidades para auxiliar no diagnóstico e tratamento de seus pacientes. É mais comumente solicitada, por Neurologistas, Psiquiatras, Geriatras, Cardiologistas e Pediatras. Algumas vezes é solicitada por professores ou familiares de pessoas com alterações comportamentais. Alguns exemplos de indicações para Avaliação Neuropsicológicas são:
- Déficits cognitivos: pós acidente vascular cerebral (AVC), pós lesões cerebrais decorrentes de traumatismos (TCE); pós tumores, pós meningo-encefalites; nas desordens psiquiátricas; no alcoolismo e abuso de outras substancias químicas;
- Déficits cognitivo na epilepsia; Déficits cognitivos na esclerose múltipla e em outras desordens neurodegenerativas; dificuldades escolares e transtornos do aprendizado;
- Déficit de memória (esquecimentos) associado à idade e em quadros demenciais; Diagnóstico diferencial entre depressão e demência; Déficit atencional no Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH); dentre outros. O QUE É REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA?
É um processo que envolve um conjunto de procedimentos e técnicas que promovem o restabelecimento do indivíduo incapacitado em sua adaptação física, psicológica e social a fim de superar, enfrentar ou conviver melhor com as dificuldades cognitivas resultantes de uma lesão cerebral ou quadro neurológico. Este trabalho tem como objetivo planejar e programar intervenções junto aos pacientes, familiares, cuidadores junto às equipes multidisciplinares (fisioterapeutas, médicos, fonoaudiólogos, psicoterapeutas, terapeutas ocupacionais, etc.) com o propósito de melhorar a qualidade de vida de pacientes e seus familiares. Entre os recursos utilizados neste trabalho se incluem técnicas de Treino ou Reabilitação Cognitiva com a finalidade de estimular, preservar ou minimizar o comprometimento das funções cognitivas. QUAL A DIFERENÇA ENTRE UM PSICÓLOGO E UM NEUROPSICÓLOGO?
É a formação acadêmica e a prática clínica. Dentro da psicologia há vários campos de trabalho e várias correntes teóricas que a embasam. Nem todos os psicólogos atuam nesta área de conhecimento. Muitos escolhem outros campos e diferentes formas de trabalhar, portanto, não são todos que buscam a Especialização em Neuropsicologia enfatizando-a em sua prática clínica. QUAIS ATIVIDADES SÃO DESENVOLVIDAS NO CONSULTÓRIO?
- Psicoterapia de jovens, adultos e idosos;
- Avaliação Neuropsicológica;
- Treino Cognitivo (prevenção e reabilitação)
- Há possibilidade de atendimento domiciliar para Avaliação Neuropsicológica em caso de encaminhamento médico para pessoas idosas, pessoas hospitalizadas ou pessoas com dificuldades de locomoção. A Reabilitação Neuropsicológica ocorre em parceria com outros profissionais.

Muitas vezes a gente pensa que tá lidando com a vida de forma tranquila e madura quando usamos expressões como “tá tudo ...
22/11/2025

Muitas vezes a gente pensa que tá lidando com a vida de forma tranquila e madura quando usamos expressões como “tá tudo bem”, “não me importo” ou “deixa pra lá”. Mas essas frases, aparentemente inofensivas, podem esconder uma estratégia psicológica muito comum: o evitamento emocional, um modo de manter certas emoções fora do nosso campo de percepção e, consequentemente, fora do nosso cuidado consciente.

O problema não está em sentir raiva, tristeza, frustração ou insegurança — essas são respostas naturais e necessárias da psique — mas em negar ou silenciar essas emoções. Quando dizemos “já superei” sem realmente ter processado o que estamos sentindo, ou “não é nada pessoal” para suavizar uma decepção, estamos, na prática, criando uma barreira entre nós e nossa experiência emocional. Essa barreira nos protege temporariamente, mas impede que sentimentos legítimos encontrem expressão, compreensão e integração.

Na psicoterapia aprendemos que colocar palavras em nossas emoções é o primeiro passo para lidar com elas de maneira saudável. Frases como “não quero falar sobre isso” ou “não ligue para isso” indicam que existe algo em suspensão, uma emoção que ainda busca espaço para existir.

Portanto, usar essas frases com consciência não é um problema, mas viver automaticamente nelas é um sinal de que é hora de se reconectar com as emoções que ainda não tiveram voz. Reconhecer, nomear e acolher essas emoções é um caminho para viver de forma mais plena e menos fragmentada, onde a vida não se esconde por trás de palavras que silenciam o que realmente sentimos.

Existe um descompasso natural entre o que decidimos e o que conseguimos sentir e isso não é falta de coerência, mas um s...
21/11/2025

Existe um descompasso natural entre o que decidimos e o que conseguimos sentir e isso não é falta de coerência, mas um sinal de que o corpo e a psique precisam de tempo para se reencontrarem dentro do cenário que uma decisão inaugura.

Quando tomamos uma decisão, algo dentro de nós se adianta: a consciência se apressa em perceber o que precisa ser feito, organizando motivos e definindo caminhos. Mas o emocional, que guarda nossos afetos e vínculos, caminha mais devagar, uma vez que ele precisa experimentar na prática o que a mente apenas concebeu na teoria.

É como se o emocional dissesse: “Eu sei que você decidiu, mas eu ainda não vivi o suficiente pra entender que é seguro deixar o antigo ir.” E é justamente essa diferença de tempo entre saber e sentir que nos faz oscilar entre alívio e culpa, liberdade e saudade.

Em termos clínicos, poderíamos dizer que o emocional carrega a memória implícita — aquela que não se expressa em palavras, mas em sensações corporais, reações automáticas e hábitos de vínculo. Ela é, portanto, lenta já que foi construída ao longo de anos. Ao contrário disso, a decisão é explícita, consciente e imediata.

Entre uma e outra, ou seja, entre a decisão consciente e a resposta emocional existe um intervalo de tempo que, mesmo que seja desconfortável, é também um convite ao cuidado: ele pede que a gente não confunda resistência com inadequação, ou seja, a demora emocional não é um erro, mas apenas o ritmo da psique se reorganizando.

Mudar é, antes de tudo, um movimento do corpo e não apenas da mente.Muitas vezes queremos mudar apenas pensando diferent...
18/11/2025

Mudar é, antes de tudo, um movimento do corpo e não apenas da mente.

Muitas vezes queremos mudar apenas pensando diferente, mas o organismo ainda não se sente pronto para agir diferente. Isso porque, na Gestalt-Terapia, toda mudança é também uma reorganização da energia vital: o corpo precisa confiar que pode sustentar o novo e que há chão suficiente para apoiar o próximo passo.

Por isso, antes de mudar, é comum sentir uma espécie de paralisia.

Nesse momento o medo está se manifestado como forma de preservação… O organismo está tateando o território de modo a reconhecer que não vai se desintegrar ao abrir mão daquilo que já é conhecido.
A psicoterapia se torna, portanto, um lugar onde essa confiança começa a ser construída, não pela pressa de mudar, mas pela possibilidade de sentir o que ainda precisa ser sentido.

Ao se perceber diante de alguma necessidade de mudança, lembre-se que o medo da mudança não é um inimigo, mas um sinal de que algo importante está se reorganizando dentro de você. Além disso, a segurança que possibilita essa transformação não vem de certezas, mas de presença: presença no corpo, presença nas relações e presença em si.

Em muitos casos, a tentativa de eliminar o sofrimento rapidamente é, na verdade, uma forma sutil de rejeitar partes de n...
15/11/2025

Em muitos casos, a tentativa de eliminar o sofrimento rapidamente é, na verdade, uma forma sutil de rejeitar partes de nós mesmos que ainda estão feridas. E toda parte rejeitada continua tentando retornar, seja por meio do corpo, das relações ou dos pensamentos que insistem em se repetir.

O movimento de nomear a dor é, portanto, um gesto de reconciliação. É reconhecer que o sofrimento também faz parte da trama que nos constitui, que ele guarda informações sobre nossos limites, nossas perdas e nossas necessidades de amor e reconhecimento. O que dói, muitas vezes, aponta para o que precisa de lugar.

Na clínica é comum perceber que quando o sujeito permite que a dor tenha um nome — “tristeza”, “abandono”, “solidão”, “culpa”, “injustiça” — ela começa a se transformar. Não porque desaparece, mas porque, ao ser simbolizada, ela deixa de agir como força inconsciente e passa a ser integrada à consciência.

Essa transformação é silenciosa: não há euforia, muito menos sensação de “superação” imediata, mas há uma nova relação com o que antes era evitado. É quando a dor, finalmente reconhecida, se converte em fonte de lucidez!

O verdadeiro trabalho de amadurecimento emocional, portanto, não precisa vir associado à ideia de cura, mas de desenvolvimento da capacidade de permanecer presente diante do que ainda dói, sem negar, sem dramatizar, sem fugir, mas apenas estar.

O cansaço de sempre precisar estar bem é, na verdade, o esgotamento de quem passou tempo demais tentando sustentar uma i...
11/11/2025

O cansaço de sempre precisar estar bem é, na verdade, o esgotamento de quem passou tempo demais tentando sustentar uma imagem de força. Vivemos em uma cultura que glorif**a o otimismo, a produtividade e a resiliência como se fossem sinônimos de saúde emocional. Nesse contexto, mostrar fragilidade parece um risco: de ser visto como fraco, inadequado ou incapaz. Assim, o corpo se enrijece, o sorriso se torna automático e o discurso sobre “gratidão e positividade” serve, muitas vezes, para mascarar um profundo cansaço de si.

Na perspectiva da Gestalt-Terapia esse esforço constante de “estar bem” é um tipo de ajustamento criativo, modo que o sujeito encontrou para garantir pertencimento em ambientes pouco disponíveis para lidar com a vulnerabilidade. Só que, com o tempo, aquilo que um dia serviu como defesa passa a se tornar prisão e ao tentar manter o equilíbrio a qualquer custo, o organismo se desconecta do fluxo natural de autorregulação, que inclui altos e baixos, vitalidade e esgotamento, alegria e dor.

O cansaço, então, surge como um sinal do corpo pedindo verdade. Um pedido para que o sentir volte a ser mais importante do que o parecer. Ele denuncia o excesso de autoexigência e a tentativa de controle das emoções, como se fosse possível escolher apenas as que “combinam” com a imagem de estabilidade. E é justamente quando o cansaço se torna insuportável que o sujeito é convocado a fazer um movimento essencial: o de permitir-se ser humano novamente.

É como se o eu socialmente adaptado começasse a se mostrar insuficiente para conter a complexidade da psique. A exigência de estar sempre bem impede o contato com o inconsciente, com o que precisa ser escutado, sentido e acolhido. E quando essa escuta é negada, o corpo se encarrega de falar: vem a exaustão, a apatia, a falta de prazer, os sintomas que pedem pausa.
Estar bem o tempo todo é um ideal impossível.

E reconhecer isso não é desistir de evoluir, mas aceitar a oscilação natural da vida. Ser saudável, emocionalmente, não é nunca adoecer, mas saber quando parar, quando chorar, quando pedir ajuda. É permitir que o próprio coração respire, sem precisar sustentar a ilusão de perfeição.

Deixar de ser quem esperavam que você fosse é um dos processos mais corajosos e, ao mesmo tempo, mais solitários do amad...
07/11/2025

Deixar de ser quem esperavam que você fosse é um dos processos mais corajosos e, ao mesmo tempo, mais solitários do amadurecimento psíquico. Desde cedo, aprendemos a moldar o comportamento para caber nos espaços que nos garantem pertencimento: ser a filha compreensiva, a profissional competente, a amiga disponível, a parceira que não reclama. São papéis que nos conferem reconhecimento e amor mas que, muitas vezes, nos afastam de nós mesmas.

A verdade é que parte do que chamamos de identidade, na juventude, é, na realidade, um conjunto de respostas adaptativas: estratégias que o eu cria para sobreviver emocionalmente em ambientes que não acolheram sua espontaneidade. Sob a ótica da psicologia humanista e da Gestalt-Terapia, no entanto, isso signif**a que o “falso eu” — aquele que se constrói a partir das expectativas externas — não é um erro, mas uma forma de proteção. Ele serviu por um tempo… até que ele se torne um cárcere.

O processo de amadurecimento pressupõe, nessa medida, que é preciso deixar de viver a partir das projeções e exigências do outro para, finalmente, se escutar. Mas essa travessia raramente é suave… há culpa, há medo de decepcionar, há o luto de não corresponder mais à imagem que sustentava vínculos importantes. É um desmonte que exige coragem para suportar o estranhamento que vem de se encontrar com partes suas que f**aram adormecidas por muito tempo.

Deixar de ser quem esperavam é, portanto, um ato profundamente relacional. Porque não se trata apenas de dizer “não” aos outros, mas de dizer “sim” a si mesma — ao corpo, às pausas, aos desejos, às contradições. É um processo que rompe o automatismo e devolve a vida ao campo da escolha. E, embora traga rupturas, ele inaugura um tipo de presença mais inteira, em que o amor já não depende de obediência, mas de verdade.

Descobrir quem se é, no fim, não é construir algo novo, e sim lembrar o que sempre esteve ali, escondido sob as camadas do que foi necessário ser para sobreviver. É quando o silêncio do dever dá lugar à voz do desejo, e o medo de perder se transforma, enfim, na possibilidade de se reencontrar.

À primeira vista estar constantemente informado pode parecer algo positivo e até necessário, no entanto, quando essa sob...
03/11/2025

À primeira vista estar constantemente informado pode parecer algo positivo e até necessário, no entanto, quando essa sobrecarga se torna constante, ela deixa de ser apenas “conveniente” e passa a ser um fator de adoecimento... Vivemos em uma era em que o acesso à informação é praticamente ilimitado, de modo que tudo chega de uma vez, competindo pela nossa atenção e pela nossa energia mental.

É preciso dizer e, inclusive, repetir que o excesso de informação não impacta apenas a mente, mas também o corpo. Pesquisas em psicologia e neurociência mostram que a exposição contínua a estímulos informativos intensos ativa o sistema de alerta do cérebro de forma permanente, de modo que o corpo entra em estado de tensão crônica. Em termos da Gestalt Terapia poderíamos dizer que a pessoa não consegue organizar suas “figuras” internas, uma vez que os estímulos externos ocupam espaço demais, impedindo que experiências signif**ativas emerjam e sejam sentidas plenamente.
Além disso, o excesso de informação frequentemente alimenta comparações e julgamentos internos. Ao acompanhar notícias alarmantes, vidas alheias aparentemente perfeitas ou debates inflamados, criamos constantemente padrões de avaliação: “não estou fazendo o suficiente”, “não sou capaz”, “meu mundo está errado”.

Outro ponto crucial é que o cérebro não consegue priorizar de forma eficiente quando recebe estímulos em excesso. Ele tenta processar tudo ao mesmo tempo, mas o resultado é o contrário: confusão mental, esquecimento, dificuldades de concentração e procrastinação. Em outras palavras, a informação, quando em excesso, deixa de servir ao propósito de ampliar a compreensão e passa a reduzir a capacidade de ação consciente.

Nesse contexto, a terapia oferece uma lente para perceber e lidar com esse fenômeno. Um dos caminhos é aprender a criar espaços de filtragem e presença, ou seja, pausas conscientes em que o excesso de dados não invada o corpo e a mente. Técnicas de atenção plena, autocuidado digital, limites claros e momentos de silêncio permitem que o indivíduo organize suas figuras internas, dando atenção ao que realmente importa e reduzindo o impacto da sobrecarga externa.

Há quem passe a vida engolindo o que sente, por medo de desagradar, de parecer fraco e de ser deixado. A cada engolida d...
31/10/2025

Há quem passe a vida engolindo o que sente, por medo de desagradar, de parecer fraco e de ser deixado. A cada engolida de sapo, o corpo se contrai um pouco mais, o peito aperta, a garganta fecha e a alma vai perdendo espaço para respirar. O que se chama “paz” muitas vezes é apenas silêncio forçado!

Esse comportamento tão comum, no entanto, não nasce do nada. Ele se forma como resposta às experiências iniciais em que expressar o que se sentia era perigoso ou inútil. Quando uma criança chora e é ignorada, quando tenta se defender e é punida, ou quando percebe que o amor depende de quão “agradável” ela consegue ser, ela aprende a economizar emoção. Aprende, portanto, que calar signif**a sobreviver

Sob a ótica da Gestalt-Terapia essa uma forma inteligente do organismo de se adaptar a um ambiente hostil. O problema é que, quando essa estratégia se torna o modo predominante de se relacionar, ela deixa de proteger e passa a aprisionar. O corpo e a psique, que antes usavam o silêncio como escudo, começam a transformar o que não pôde ser dito em sintomas: gastrite, tensão muscular, insônia, crises de ansiedade… é, basicamente, o não dito tentando existir.

A grande questão é que o amor genuíno não floresce no terreno da autocensura. Quando você precisa se diminuir para caber em um vínculo, o que se preserva não é o amor, mas o medo de perdê-lo. Relações que se sustentam no medo acabam virando campos de desequilíbrio, em que um lado se sacrif**a enquanto o outro se acostuma.

Por isso, aprender a se expressar não é sobre ser explosivo ou sobre impor o próprio querer. É sobre reeducar o corpo e o coração a confiarem de novo na possibilidade de contato verdadeiro! Isso se dá, por exemplo, na medida em que você descobre que é possível dizer o que se sente sem perder amor, que o conflito pode ser uma forma de aproximação e que os afetos, quando expressos com presença, são a base da intimidade.

Há uma liberdade silenciosa em aprender a digerir o que sente, em vez de engolir o que dói. E ela começa no instante em que você entende que o amor que exige o seu silêncio não é amor, mas o eco do medo repetindo o passado.

Há dores que moram na garganta, nos ombros tensos e no medo de desagradar. São palavras que a infância não pôde pronunci...
27/10/2025

Há dores que moram na garganta, nos ombros tensos e no medo de desagradar. São palavras que a infância não pôde pronunciar e emoções que precisaram ser engolidas para que o amor continuasse vindo, mesmo que em doses pequenas e condicionadas.

Quando uma criança percebe que expressar tristeza, raiva ou frustração causa afastamento, ela aprende que o silêncio é mais seguro que a verdade. A partir daí, cria-se uma fenda entre o sentir e o dizer e é, justamente, essa fenda que se transforma em sintoma. Não porque algo esteja “errado”, mas porque o corpo tenta traduzir, à sua maneira, aquilo que ficou sem tradução emocional.

Na vida adulta esse acúmulo se manifesta como timidez, medo de confronto, sensação de não ser escutado, ou até mesmo como uma voz que falha diante da necessidade de se posicionar. É como se o corpo ainda esperasse a permissão que nunca veio: a de poder existir sem pedir desculpas.

Pela ótica da Gestalt Terapia cada uma dessas palavras engolidas é uma experiência interrompida, que continua buscando fechamento, e um fechamento que não vem apenas pela fala, mas pelo reconhecimento. Quando você, em terapia, finalmente consegue dizer “eu senti”, “eu quis”, “eu temi”, algo dentro se reorganiza e o corpo se alinha novamente com a emoção que um dia precisou esconder.

Curar a garganta, nesse sentido, é mais do que aprender a falar.

É preciso recuperar o direito de ter uma voz.

É entender que o silêncio que antes protegia, agora sufoca; que a obediência que um dia garantiu amor, hoje impede presença; e que existe um tipo de liberdade que só nasce quando a gente se permite dizer, com todas as letras: “agora eu posso ser quem eu sou, sem medo de ser deixado por isso.”

Medo do vazio, da ausência de roteiro, do silêncio que vem quando não há mais ninguém dizendo o que é certo ou errado. A...
21/10/2025

Medo do vazio, da ausência de roteiro, do silêncio que vem quando não há mais ninguém dizendo o que é certo ou errado. A liberdade, ao contrário do que se imagina, nem sempre é um alívio imediato, às vezes, ela é um desamparo.

Isso acontece porque a prisão, por mais dolorosa que seja, oferece estrutura. Ela delimita o território, define os papéis e dá uma sensação de previsibilidade. No campo psicológico, muitos dos nossos vínculos, hábitos e escolhas funcionam como prisões simbólicas: servem para conter a angústia que o desconhecido provoca. Assim, mesmo quando uma relação nos aprisiona, ou quando um padrão nos sufoca, ainda pode haver uma falsa sensação de segurança.

A liberdade, por sua vez, exige contato com o próprio desejo e isso pode ser assustador. Porque desejar implica responsabilizar-se: escolher, perder, arriscar, enfrentar o incômodo de não saber o que virá depois. É o momento em que o “não posso” dá lugar ao “posso, mas e se der errado?”. E é justamente nesse intervalo que muitas pessoas preferem retornar às velhas prisões, já conhecidas, do que sustentar o desconforto de construir um caminho novo.

A liberdade está, ainda, intimamente ligada à ampliação da consciência e à capacidade de estar presente diante das próprias escolhas. Ser livre não é fazer o que se quer, mas suportar o peso do que se escolhe; é perceber que toda decisão implica um luto, o de tudo aquilo que f**a para trás.
Por isso, o medo da liberdade não é sinal de fraqueza, mas de humanidade. É o eco de uma psique que, por tanto tempo contida, precisa reaprender a se mover sem correntes.

No fim, talvez a verdadeira liberdade não seja romper com todas as prisões, mas aprender a habitar o espaço entre elas, aquele lugar onde o medo e o desejo se encontram, e onde, apesar do tremor, ainda assim escolhemos seguir.

Ser gentil consigo mesmo quando tudo sai do controle talvez seja uma das tarefas mais complexas do amadurecimento emocio...
18/10/2025

Ser gentil consigo mesmo quando tudo sai do controle talvez seja uma das tarefas mais complexas do amadurecimento emocional. Isso porque, em momentos de caos, a tendência do psiquismo é acionar o modo de sobrevivência e nesse estado, a autocompaixão parece um luxo. O foco se desloca para o controle, para o conserto imediato, para a tentativa de corrigir o que “deu errado”. No entanto, o que se perde nesse movimento é justamente o solo interno que permitiria lidar com o descontrole de forma mais humana.

A gentileza consigo exige uma função psíquica mais elaborada: a de conseguir se observar sem se identif**ar totalmente com o erro, a falha ou o desamparo. Na perspectiva da Gestalt Terapia é quando o campo está tensionado que se revela o padrão de ajustamento: algumas pessoas tentam resolver tudo de forma compulsiva, outras se paralisam, outras se afastam. Nenhuma dessas reações é “errada”, elas apenas mostram o modo como o organismo aprendeu a se proteger diante do imprevisível.

No entanto, quando você se julga por reagir como aprendeu, reforça o ciclo de autocrítica e afastamento interno. A gentileza, aqui, começa não como um sentimento, mas como uma escolha: a escolha de não se violentar enquanto tenta se recompor. Ela envolve reconhecer que perder o controle também é humano, que o desamparo é parte da experiência de viver e que o erro pode ser um ponto de contato, não de rejeição.

Poderíamos dizer, ainda, que o descontrole convoca a sombra — tudo aquilo que o ego tenta excluir da consciência. E ser gentil consigo é o mesmo que acolher essa sombra: perceber o medo, o fracasso, a raiva, sem precisar expulsá-los imediatamente. Esse acolhimento não anula a responsabilidade, mas a transforma; e, ao invés de agir movido pela culpa, você age a partir da presença.

Na Gestalt-Terapia quando falamos que um relacionamento não termina no grito, mas no silêncio, podemos ir além da ideia ...
12/10/2025

Na Gestalt-Terapia quando falamos que um relacionamento não termina no grito, mas no silêncio, podemos ir além da ideia de que o silêncio é ausência de palavras: ele também pode ser ausência de presença! O grito, na maioria das vezes, nos dá a sensação de que carrega força vital, ou seja, ainda há investimento, ainda há contato, mesmo que em forma de conflito. O silêncio, ao contrário, pode representar o rompimento do fluxo da relação, a desistência de se arriscar no encontro com o outro.

Do ponto de vista gestáltico um relacionamento se sustenta no campo relacional: eu e você estamos em contato, nos afetamos e nos transformamos mutuamente. Quando, no entanto, esse campo se empobrece, o diálogo se esvazia e os ajustamentos criativos perdem espaço, levando à instalação de um vazio de contato. O silêncio passa a ser, nesse sentido, não apenas falta de fala, mas interrupção do ciclo de troca.

E é interessante pensar que, em muitas das vezes, esse silêncio começa de forma quase imperceptível: pequenas desistências em dizer o que incomoda, pequenas renúncias em compartilhar o que alegra. Aos poucos, o “nós” que sustentava o vínculo vai se desfigurando e quando o encontro não se sustenta, a relação já não encontra mais solo fértil para se expandir.

O inédito aqui é perceber que o fim não está apenas na ausência de voz, mas no colapso do contato. O silêncio, então, é menos sobre não falar e mais sobre não estar e talvez a pergunta mais fecunda não seja “quando paramos de gritar?”, mas “quando paramos de nos encontrar?”.

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