02/02/2014
Muitos componentes da alimentação têm sido associados com o processo de desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon (intestino grosso), reto, próstata, esôfago e estômago.
Alguns tipos de alimentos, se consumidos regularmente durante longos períodos de tempo, parecem fornecer o tipo de ambiente que uma célula cancerosa necessita para crescer, se multiplicar e se disseminar. Esses alimentos devem ser evitados ou ingeridos com moderação. Neste grupo estão incluídos os alimentos ricos em gorduras, tais como carnes vermelhas, frituras, molhos com maionese, leite integral e derivados, bacon, presuntos, salsichas, linguiças, mortadelas, dentre outros.
Existem também os alimentos que contêm níveis significativos de agentes cancerígenos. Por exemplo, os nitritos e nitratos usados para conservar alguns tipos de alimentos, como picles, salsichas e outros embutidos e alguns tipos de enlatados, se transformam em nitrosaminas no estômago. As nitrosaminas, que têm ação carcinogênica potente, são responsáveis pelos altos índices de câncer de estômago observados em populações que consomem alimentos com estas características de forma abundante e frequente. Já os defumados e churrascos são impregnados pelo alcatrão proveniente da fumaça do carvão, o mesmo encontrado na fumaça do cigarro e que tem ação carcinogênica conhecida.
Os alimentos preservados em sal, como carne-de-sol, charque e peixes salgados, também estão relacionados ao desenvolvimento de câncer de estômago em regiões onde é comum o consumo desses alimentos. Antes de comprar alimentos, compare a quantidade de sódio nas tabelas nutricionais dos produtos.
Cuidados ao preparar os alimentos
O tipo de preparo do alimento também influencia no risco de câncer. Tente adicionar menos sal na hora de fazer a comida, aumentando o uso de temperos como azeite, alho, cebola e salsa. A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de até 5 g de sal ou 2 g de sódio por dia, ou seja, o equivalente a uma tampa de caneta cheia.
Ao fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa a temperaturas muito elevadas, podem ser criados compostos que aumentam o risco de câncer de estômago e coloretal. Por isso, métodos de cozimento que usem baixas temperaturas são escolhas mais saudáveis, como v***r, fervura, pochê, ensopado, guisado, cozido ou assado.
Fibras x Gorduras
Estudos demonstram que uma alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e altos níveis calóricos (hambúrguer, batata frita, bacon etc.), está relacionada a um maior risco para o desenvolvimento de câncer de cólon e de reto, possivelmente porque, sem ingestão de fibras, o ritmo intestinal desacelera, favorecendo uma exposição mais demorada da mucosa aos agentes cancerígenos encontrados no conteúdo intestinal. Em relação a cânceres de mama e próstata, a ingestão de gordura pode alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco da doença.
Atenção especial deve ser dada aos grãos e cereais. Se armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser contaminados pelo fungo Aspergillus flavus, o qual produz a aflatoxina, substância cancerígena. Essa toxina está relacionada ao desenvolvimento de câncer de fígado.
Prevenção
Algumas mudanças nos nossos hábitos alimentares podem nos ajudar a reduzir os riscos de desenvolvermos câncer. A adoção de uma alimentação saudável contribui não só para a prevenção do câncer, mas também de doenças cardíacas, obesidade e outras enfermidades crônicas como diabetes.
Diversos estudos tem demonstrado uma forte associação entre obesidade e o aumento do risco para alguns tipos de câncer. O índice de massa corporal (IMC) do adulto (20 a 60 anos) deve estar entre 18,5 e 24,9 kg/m². O IMC entre 25 e 29,9 indica sobrepeso. Com IMC acima de 30 a pessoa é considerada obesa. O IMC é calculado dividindo-se o peso (em kg) pela altura ao quadrado (em m).
A mais recente recomendação do American Institute indica que uma alimentação saudável deve ser composta por 2/3 (ou mais) de vegetais, frutas, grãos integrais e feijões e 1/3 (ou menos) de proteína animal.
Recomendações de hábitos e padrões dietéticos para a prevenção do câncer, segundo os relatórios do European Code Against Câncer, do World Câncer Research Fund e American Institute for Câncer Research:
1. Evitar a obesidade
2. Limitar o consumo de alimentos de alta densidade calórica
3. Limitar o consumo de bebidas com açúcar
4. Manter atividade física regular
5. Aumentar a ingestão de vegetais e frutas. Comer, no mínimo, 5 porções desses alimentos ao dia
6. Consumir principalmente alimentos de origem vegetal
7. Limitar o consumo de carne vermelha e evitar as carnes processadas
8. Limitar o consumo de alimentos contendo gordura de origem animal
9. Moderar o consumo de álcool a no máximo 2 drinques por dia, para homens, e 1 drinque por dia para mulheres
10. Limitar o consumo de sal
11. Evitar a ingestão de grãos e legumes mofados
12. Procurar atender as necessidades nutricionais exclusivamente através da dieta, sem recorrer a suplementos
Existe prevenção para o câncer e hábitos saudáveis devem ser adotados, se possível, desde a juventude.
O CÂNCER NÃO É UMA QUESTÃO DE DESTINO. PREVINA-SE!
Fisioterapeuta Fernanda Follmann (CREFITO 10 - 178616)
Fonte:
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=18
Hoff PMG, Katz A, Chammas R, et al. Tratado de Oncologia. São Paulo: Editora Atheneu, 2013.