09/12/2020
Nesta semana veio ao conhecimento do público a informação de que os
contratos para compras de te**es de HIV e AIDS venceram e o ministério da Saúde não
havia até então realizado novos contratos. A realização da testagem está suspensa no
mês de luta contra a AIDS.
Não bastasse a maior crise sanitária do século, a saúde vem sofrendo duros
golpes no brasil e as notícias não são animadoras. Ainda nesta semana outras
informações vieram à tona por meio de importantes veículos de comunicação, o
possível “revogaço”.
Trata-se de uma série de revogações de portarias importantes que norteiam
serviços e programas em saúde mental, como o Consultório na Rua, que busca ampliar
o acesso da população em situação de rua a serviços de saúde pública, a Rede de
Atenção Psicossocial, que atende pessoas com sofrimento psíquico e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras dr**as e a Comissão de
Acompanhamento do Programa De Volta para Casa e o Serviço Residencial
Terapêutico, que visam reabilitar psicossocialmente pacientes submetidos a longas
internações psiquiátricas.
Para que o leitor possa compreender melhor, décadas atrás o Brasil viveu o
chamado Holocausto Brasileiro. Milhares de pessoas presas e trancadas em
manicômios por todo o país, incluindo o escândalo de Barbacena, mais de 60 mil
pessoas perderam além de seus direitos, a própria vida. Os que sobreviveram, viram
novas políticas de cuidados sendo criadas a partir da década de 80.
São estas políticas que criaram serviços e programas para acolher as pessoas
em sofrimento mental e são estes serviços e programas que correm o risco de serem
extintos. Uma ação sem precedentes no campo da saúde mental que denuncia a volta
de uma lógica do aprisionamento da pessoa em sofrimento, é a lógica manicomial.
Você pode não estar em sofrimento psíquico grave, ter ou não algum transtorno
psiquiátrico, mas certamente conhece alguém que sim. Independente de ter alguém
ou conhecer, é nosso dever proteger os direitos de todos, os quais poderemos um dia
precisar.
A pandemia da COVID-19 ameaça nossa saúde e nossas vidas e as ameaças aos
serviços em saúde mental afrontam os direitos conquistados. Não está fácil ter boa
saúde nestes tempos e no que depende das ações da pasta da saúde, mais difícil será
ter boa saúde mental.