09/07/2018
Relato de um Parto – Por Lisi Bonfim
Desde que descobri minha gravidez, meu sonho de parto era o normal, da forma mais natural possível! Me preparei a gestação toda para isso acontecer, tanto fisicamente quanto psicologicamente, não tinha sombras de dúvidas que ele viria de outra forma. Sempre tive uma grande admiração por quem optava por este parto, permitir que meu filho viesse no dia dele! E SIM, ele veio! Não exatamente da forma como EU queria, mas sim como o cara lá de cima sabia que seria a mais correta.
No dia 05 de junho, as 8:30 da manhã Eu e Jefe estávamos nos arrumando para irmos fazer a ultrassom, pois eu estava preocupada com o tamanho do Isaac, e já estávamos com 39+4 semanas, quando fui ao banheiro e minha bolsa rompeu. Imediatamente já liguei para a Paty (minha doula), avisei também minha médica (Dra. Vanessa). A Paty perguntou se eu sentia dor (contrações) e minha resposta foi não! Então ela me orientou a esperar tranquila em casa. Nisso a Dra. Vanessa mandou uma mensagem avisando que não iria poder fazer meu parto, pois houve um imprevisto, mas que outra médica de sua confiança iria no lugar. Não entrei em pânico, pois sabia que estava bem orientada e acompanhada pela Paty e que com certeza a médica que a Dra. Vanessa iria me indicar era tão profissional e humana quanto.
Dra. Helga, em seguida já me mandou uma mensagem e marcamos dela me avaliar as 11:30 no hospital Dona Helena. Enquanto aguardávamos o horário, fiquei em casa fazendo algumas estimulações. Dancei, fiz vários agachamentos e mantive a calma o tempo todo.
Chegamos no hospital (ainda sem nenhuma contração) e com 2cm de dilatação. Logo após a Dra. Helga me avaliar a Paty e o Jefe foram para uma sala comigo, fiquei em torno de 2 horas fazendo estímulos. Jefe colocou umas músicas bem agitadas para eu dançar, exercícios na bola, agachamentos, rimos juntos, fizemos fotos e vídeos. Eu estava muito confiante e tranquila. Mas ainda sentia levíssimas contrações. Foi onde optamos por induzir as contrações (ocitocina na veia), não era como eu queria, mas sabíamos que seria preciso.
As contrações foram surgindo aos poucos, de meia em meia hora, com duração de 5/10 segundos, e depois foram aumentando os estágios, eu ali firme e forte fazendo os estímulos durante as dores.
Depois de um tempo, as contrações foram ficando mais fortes e com mais frequência, a Paty ali comigo me incentivando a dar continuidade aos estímulos. As dores eram muito fortes! Mas eu estava certa de que logo meu bebê estaria ali comigo e não pensava sequer em desistir.
Dra. Helga foi me avaliar, estávamos nos 2cm ainda de dilatação, optamos para irmos ao banho terapia, enquanto a água escorria em meu corpo, as dores não paravam, eu apenas gemia de dor, estava muito cansada e fraca, enquanto o Jefe estava comigo a todo momento, segurando minhas mãos, sofrendo junto comigo e orando para nosso menino vir logo para nossos braços.
Me falaram que eu estava no último estágio das contrações, não viriam dores mais fortes do que aquelas, foram dores que seriam impossíveis descrever! Mas eu não desistia!
Novamente Dra. Helga foi avaliar a dilatação. E com um olhar triste, disse: “- Lisi, queria poder te dar outra resposta, mas, infelizmente, não evoluímos absolutamente NADA! Continua com 2cm! ”. Cai ao choro, pois não conseguia entender aquilo! Tanta preparação, tanto esforço, como não ter dilatação?! Eu não queria acreditar no que estava ouvindo. Olhei para o Jefe e para a Paty, e entramos no consenso que não teria mais o porquê de ficar sofrendo, pois não iria conseguir o tão esperado parto normal.
Eu abraçava o Jeferson, e chorávamos muito! Eu estava completamente decepcionada como meu corpo havia reagindo. O Jefe sabia que era meu sonho esse parto normal, estava triste junto comigo, chorando, me disse várias palavras de conforto, me fez enxergar o quão forte eu fui, que estava orgulhoso de mim por ser uma mulher tão guerreira, que estava impressionado pela minha força! E que me amava muito!
Eu não estava preparada para uma Cesária, mas tinha consciência que seria a única forma para o encontro com meu filho. Coloquei nas mãos de Deus e permaneci confiante e tentando me tranquilizar. Me direcionaram para a sala de cirurgia, para aplicar a anestesia, mas até a chegada na sala, eu tive mais umas 4/5 contrações fortíssimas que era impossível ficar em pé!
Quando o médico anestesista conseguiu aplica-la, em seguida só sentia meu corpo dormente. Iniciaram a cirurgia, comecei a sentir uma pressão muito forte nas minhas costas, minha cabeça balançava demais! Não entendia se aquilo que estava acontecendo era normal. Jefe e Paty ao meu lado o tempo todo, segurando minhas mãos. Enquanto eu ouvia as médicas e enfermeiras dizerem que ele era muito grande e que estava complicado tirar ele de lá. Paty saiu do meu lado, e foi ajudar a tirar o Isaac da barriga. Depois de algum tempo, ele nasceu! Ouvi um leve choro, e minha expectativa era somente uma, ver o rostinho do meu menino! Foi o que eu mais pedia a Dra. Helga, que assim que tirassem ele, levassem diretamente aos meus braços! Fiquei esperando e nada! Chamaram o Jefe para a sala ao lado, enquanto eu não entendia completamente nada do que estava acontecendo. Eu só sabia pedir por uma coisa: - Cadê meu filho?! Uns 10 minutos depois (que para mim pareciam eternos), veio o Pediatra e falou exatamente com essas palavras: - Lisiane, seu filho nasceu sem respiração!
É impossível descrever como me senti nesse momento. Dói lembrar, impossível não chorar! Aquelas palavras acabaram comigo! Não sabia como meu filho estava, se havia sobrevivido. Pedi par vê-lo e o médico disse que fizeram reanimação nele, pois ele havia cansado muito durante a cirurgia. Comecei a passar mal, queria vomitar, mas eram apenas ânsias, pois estava com o estômago vazio. Jefe chegou do meu lado, e choramos muito! Eu não sabia o que iria acontecer em diante. Apenas clamava a Deus, para cuidar do meu bebezinho, e trazê-lo logo para meus braços. E não deu outra! Jefe foi buscar ele na sala ao lado, e nosso primeiro olhar foi a cena mais emocionante da minha vida!!! Colocaram ele sobre meu peito, e eu o beijava muito! Não queria mais largar meu pacotinho de amor. Era o momento mais feliz da minha vida!!! Sem explicação! Ele precisou voltar para a sala de recuperação, para avaliarem sua evolução. E Deus mais uma vez esteve conosco, Isaac não precisou ficar na incubadora, teve uma ótima evolução e em seguida já iria para o quarto comigo.
Depois de tudo isso que passamos, conseguimos entender o propósito de Deus. As médicas disseram que seria impossível ele nascer de um parto normal, minha pélvis é muito pequena, e por conta do Isaac ser um bebê muito grande, não teria possibilidade. E então compreendemos o porquê de não ter evoluído minha dilatação, foi a mão de Deus ali, porque Ele sabia que se houvesse evolução, eu iria a diante, sem dúvida alguma!
Dizemos que ele foi nosso milagre: Isaac, filho da promessa.
Deixo aqui minha gratidão por toda equipe médica, que foram muito profissionais em seu trabalho, a Paty minha doula, que foi um anjo na minha vida, me transmitiu total segurança e confiança, a Ketryn por registrar esse momento único e especial, e por fim, Jeferson, pai do meu filho, que esteve do início ao fim ao meu lado, meu fiel companheiro, que é um verdadeiro exemplo de homem, pai e marido! Bom, espero que eu tenha conseguido transmitir para vocês, essas fortes emoções que tivemos no dia 05.06.18