23/09/2025
Quando falamos em dor crônica, é natural pensar que só vamos ter uma vida melhor se a dor diminuir. Essa lógica parece óbvia: menos dor, mais liberdade. Mas e se não for bem assim?
Um estudo recente mostrou algo poderoso: a melhora na vida de quem convive com dor crônica não depende necessariamente de sentir menos dor. O que realmente fez diferença para quase metade das pessoas acompanhadas foi mudar a forma de se relacionar com a dor.
Funciona assim: quando a pessoa deixa de gastar tanta energia tentando controlar ou evitar a dor — uma batalha muitas vezes perdida — e começa a investir em atividades que têm sentido, que trazem vitalidade, vínculo e propósito, a vida se amplia. O corpo pode continuar sentindo, mas a pessoa se vê menos aprisionada, mais capaz de participar do que importa.
Esse movimento tem tudo a ver com a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT). Em vez de lutar contra o incontrolável, a proposta é abrir espaço para a experiência (mesmo dolorosa), enquanto se caminha em direção a valores que sustentam uma vida significativa.
Isso não significa desistir de se cuidar, mas sim transformar a relação com a dor: parar de brigar com o que não pode ser mudado e investir energia no que dá sentido à vida. É uma “vitória pela rendição” — quando paramos de nadar contra a corrente e escolhemos remar na direção do que faz a vida valer a pena.
Lembremos de algo essencial: o caminho para viver bem não está em esperar a dor ir embora. O corpo sente, sim, mas a vida não precisa ser só dor. Nós podemos criar possibilidades de vida apesar da dor.