12/07/2017
"Amuralhar o próprio sentimento é arriscar que ele te devore desde o interior."
Essa frase poderia ser de um grande filósofo ou, de um renomado erudito do comportamento, mas é da pintora Frida Kahlo. Importante mulher que foi um ícone do universo feminino na década de 50. Apaixonada por arte e motivada pela intensidade inerente a vida fez com que seu nome se perpetuasse no tempo.
Mas hoje eu quero me referir a um aspecto peculiar do seu modo de encarar a vida, que nos serve como exemplo:
Frida foi uma mulher que passou intempéries que a vida lhe impôs. Com 6 anos contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças, acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. Na adolescência sofreu um grave acidente, que perfurou-lhe as costas, causando fratura pélvica e hemorragia. Frida ficou muitos meses entre a vida e morte no hospital, teve que operar 35 vezes, diversas partes e reconstruir seu corpo por inteiro.
Durante sua longa convalescença, começou a pintar, usando a caixa de tintas do seu pai e um cavalete adaptado à cama.
Após muitos altos e baixos na carreira e na vida ao lado de seu esposo, Diego Rivera, Frida sofreu três abortos. Não á toa, uma de suas mais famosas obras reflete a imagem de uma mulher sendo anatômicamente estudada. Em outras, ela explorou o anseio em se tornar mãe de outra forma: expressando o nascimento de si mesma e talvez, confortando sua desilusão ao se pintar como uma criança no colo de uma mulher. Tudo em nome da superação da dor.
A inspiração de Frida para suas pinturas e fotografias, vieram de suas angústias e dificuldades em lidar com a sua própria condição. Na arte encontrou um canal criativo para lidar com suas emoções e dor.
Ela foi um exemplo de coragem diante do processo de autoconhecimento, não á toa existiram tantos auto retratos em suas obras. Seus sentimentos, sensações e pensamentos não ficavam guardados em um calabouço. Ela lhes dava sentido. Seus sentimentos eram elaborados através das cores, intensidade, formas, movimentos e temas de suas pinturas.
Cada pessoa tem sua experiência de vida, suas dificuldades e mazelas. Mas não se pode aprisionar as lembranças nem os sentimentos. Eles precisam de vazão, eles carecem de expressão, de ordem e compreensão. Do contrário no devoram, se assemelhando a autofagia do ser.
Em um processo de autoconhecimento o importante é a expressão, e a isso não há limitações. Podendo ser através da linguagem verbal (muito comum em consultório) , através da escrita, da pintura, da música, expressão teatral, da dança e etc.
Essas são formas de revelar o inconsciente, de estar em sintonia com o meu universo interno e, assim entender e dar significado ao que está na superfície como subjacentes mais profundos.
E na exploração dos sentimentos e atitudes mais profundos, a pessoa se tornará capaz de descobrir os aspectos ocultos que não estavam conscientes, e assim poderá se mover a modos mais eficientes de construir suas experiências e encontrar significado nelas. Quando se e possível fluir sensivelmente dentro de seu mundo de experiências, então a mudança de torna provável.
