25/10/2025
"Procuro aquelas regiões baixas em que as correntezas mansas, reluzindo em espelhos largos, se aproximam do mar, onde toda a pressa de fluir se acalma mais e mais e onde toda força e toda correria se unem à circunferência insondável do mar. As árvores se tornam mais escassas, amplos campos pantanosos acompanham as águas paradas e turvas, o horizonte é infinito e solitário, drapeado de nuvens cinzentas. Lentamente, com respiração contida, com a grande e receosa expectativa daquele que escorregava selvagemente pela espuma e se despejou no infinito, sigo minha irmã, a água. Silencioso, quase imperceptível é seu fluir, mesmo assim, aproximamo-nos constantemente do abraço bem-aventurado e sublime para adentrar o ventre da fonte, a expansão ilimitada e profundeza insondável. Lá, surgem colinas amarelas baixas e longas, manchadas de mato preto e verde. Um lago morto e amplo se estende aos seus pés. Caminhamos em silêncio ao longo das colinas, e elas se abrem para um horizonte sombrio e incompreensivelmente distante, onde céu e mar se fundem numa infinitude."
Jung - Os Livros Negros pág. 114 volume 3.