09/11/2021
Tenha paciência com um enlutado.
As vezes não temos forças para nada. Isso mesmo, forças para nada.
Já, às vezes, queremos falar com pessoas que deem conta de nos ouvir contar as histórias mais bonitas e engraçadas daqueles que já se foram e que tanto amamos, ou até mesmo recordar o triste trajeto do temido fim. Por ser um tabu, muitas vezes quem nos acolhe não entende isso, e quer simplesmente nos fazer sorrir… mas nós queremos só chorar.
É preciso aprender a dar conta de nos acolher chorando.
Por favor, respeite nossa dor.
O enlutado f**a um tanto intolerante (tem coisa que não importa mais, sabe?), pois a morte torna-se um finalmente um fenômeno real, mesmo que saibamos a inerência dele à vida humana. A gente repensa tudo... Tudo mesmo, desde a dieta da segunda-feira, até aquele planejamento mirabolante do nosso futuro.
Entendemos finalmente que não há controle sobre nada. O amanhã é realmente uma ilusão…Doce, talvez.
Mas, uma ilusão.
A gente começa se relacionar com o hoje de forma diferente, de forma mais presente. Aproveitamos cada detalhe, pois amanhã, tudo aquilo pode simplesmente tornar-se uma memória saudosa que não poderá mais se repetir.
E as vezes não... As vezes a perda ainda está sendo processada de forma muito delicada, em que será necessário um misto de tempo, espaço, presença e silencio.
Costumo chamar de silencio presente.
Chegou a hora de nos relacionarmos diferente com o luto e com a morte. Explorar tais temas de forma mais esmiuçada e ampla, abordando melhor as vicissitudes que demandam, tanto para quem acolhe, quanto para quem vivencia a experiencia na pele, pois, quando a gente para olhar mais de perto, transitamos pelos os dois espaços à depender de como a vida nos guia até a hora da nossa morte…
Thais Lima - Psicóloga - 06/162598