01/12/2025
A catapora voltou?
Tenho ouvido essa pergunta com frequência e vou explicar. Muitas doenças deixam marcas físicas; outras emocionais. O herpes-zóster costuma deixar ambas. Portanto, não é a catapora que conhecemos.
Quem já vivenciou a dor do zóster descreve como uma sensação intensa de queimação, formigamento e sensibilidade extrema, muitas vezes comparada a choques elétricos contínuos sobre a pele. Uma dor que pode surgir de repente, especialmente após os 50 anos, quando o corpo já não responde com a mesma vitalidade de antes.
Pouca gente se lembra de que esse vírus é o mesmo da varicela, a velha catapora da infância. Ele permanece adormecido no organismo por décadas, como um visitante silencioso, até que alguma queda de imunidade o desperte. E quando desperta, não costuma ser gentil.
O herpes zóster é muito mais do que uma erupção na pele. Em idosos, especialmente, interfere no sono, na mobilidade e até no humor. Mas o verdadeiro desafio muitas vezes aparece depois: cerca de 10% a 20% das pessoas desenvolvem a neuralgia pós-herpética, uma dor contínua que pode durar meses ou até anos.
Após um episódio de zóster, há também aumento do risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio e processos inflamatórios no cérebro, como encefalite, paralisia facial e alterações cognitivas transitórias.
Isso porque o vírus pode inflamar as paredes dos vasos sanguíneos. É um processo chamado vasculopatia por zóster, o que aumenta o risco de eventos cerebrovasculares, especialmente nos primeiros meses após a infecção. Portanto, a melhor arma, é a prevenção.