09/11/2025
Talvez o mais intrigante sobre o comportamento humano não seja o erro, mas a consciência do erro. Sabemos o que faz bem, reconhecemos o que nos prejudica, e ainda assim permanecemos no mesmo ciclo. Esse é um dos paradoxos centrais da mente humana. 🧠
A neurociência mostra que nosso cérebro busca recompensas imediatas. A região pré-frontal (racional e planejadora) disputa espaço com o sistema límbico, ligado às emoções e impulsos. Por isso, o prazer rápido vence com tanta facilidade: ele é concreto, mensurável e instantâneo, enquanto o bem-estar a longo prazo é abstrato.
A psicologia explica essa tensão com o conceito de dissonância cognitiva (Festinger, 1957): a dificuldade de alinhar pensamento e ação. Para aliviar o desconforto, o cérebro cria justificativas sutis: “só hoje”, “é pouca coisa”, “depois eu compenso”.
Mas talvez a camada mais profunda dessa resistência seja emocional. 💭 Grande parte dos comportamentos que nos prejudicam nasce como tentativa de regulação afetiva. Nem sempre comemos demais, procrastinamos ou nos isolamos por fraqueza; muitas vezes, fazemos isso para preencher um vazio, anestesiar uma dor, reencontrar uma sensação de controle.
Fazer o bem a si mesmo, portanto, não é apenas uma questão de disciplina, é um exercício de autoconsciência e compaixão. Cuidar de si exige perceber o que, de fato, estamos tentando evitar. 🌿
📚 Referências:
Baumeister, R. F., & Tierney, J. (2011). Willpower: Rediscovering the Greatest Human Strength. New York: Penguin Press.
Festinger, L. (1957). A Theory of Cognitive Dissonance. Stanford University Press.
Dra. Carolina Petrus
Psiquiatra
CRM-PR 35386 | RQE 24747