05/12/2025
Essa semana assisti a um filme, mas não qualquer filme, um que um amigo de loga data disse ter assistido e ter lembrado de mim, ter lembrado "da minha essência".
Interessante o quão cativante é saber minimamente como o outro nos vê, né?! Como o outro observa algo em nós até antes mesmo de sabermos daquilo ou de nomeá-lo.
É curioso como nossa imagem não nasce inteira dentro de nós.
Ela vai sendo tecida pelos olhares que nos tocam, pelas palavras que nos encontram, pelas memórias que fazemos existir nos outros.
Lacan fala sobre alienação e separação e, no fundo, é disso que se trata: não existe separação que não deixe um traço, não existe nascimento que não carregue restos do outro.
Somos sempre um pouco herdeiros dos olhares que nos reconheceram.
Mesmo quando acreditamos ter nos separado, há sempre algo do outro que permanece em nós, omo um contorno, uma marca suave, um eco que nos acompanha.
Talvez seja assim que vamos nos tornando quem somos: um delicado entrelaçamento de encontros, lembranças que nos devolvem ao mundo e olhares que, sem saber, nos desenham.